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Wells inaugurou tradições na ficção científica
SALVADOR NOGUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Quando foi escrito, "A
Guerra dos Mundos" não
era a ficção implausível que
parece ser hoje; ao contrário,
mostrava conceitos aceitáveis no contexto científico
do final do século 19.
Em 1898, o romancista britânico Herbert George Wells
(1866-1946) ousou retratar
uma hipotética invasão da
Terra por marcianos -única saída para a sobrevivência
do povo de Marte, segundo
o astrônomo americano
Percival Lowell (1855-1916).
Desde 1895, Lowell propagandeava sua hipótese de
que os canais observados em
Marte (uma ilusão de ótica)
fossem construções artificiais de uma civilização prestes a se extinguir, enquanto
seu planeta se transformava
num deserto. Vários de seus
contemporâneos consideraram a existência dessa civilização uma possibilidade.
Somente com o envio das
primeiras sondas ao planeta
vermelho, a partir dos anos
60, foi que todos se convenceram de que os marcianos
não estavam lá. No entanto,
o estrago já estava feito.
H.G. Wells inaugurou algumas tradições na ficção
científica. Primeiro, estabeleceu os marcianos como
protagonistas, sendo seguido por outros nomes da literatura, como o americanos
Edgar Rice Burroughs e o
russo Alexei Tolstoi. Em segundo lugar, elevou o estilo
catastrofista a um novo patamar. Em uma adaptação
de "Guerra" para o rádio, em
1938, Orson Welles instituiu
o caos em Nova York; milhares de ouvintes pensaram ser
real o ataque marciano.
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