|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
GASTRONOMIA
Chef Samuelsson dá aula de sua cozinha "global" em SP
COLUNISTA DA FOLHA
Conheci Marcus Samuelsson, o
chef que chega dos EUA para dois
jantares e uma aula na próxima
semana em São Paulo, há mais de
cinco anos, quando existia, em
Minneapolis, uma filial do restaurante Aquavit, o mesmo cuja cozinha ele chefia em Nova York.
Foi um jantar memorável, dirigido por três grandes chefs, em
que ele se destacou em tudo. Dividindo o menu com o americano
Charlie Trotter (o prestigiado chef
de Chicago que esteve aqui recentemente) e Tetsuya Wakuda (japonês radicado em Sydney, onde
o restaurante com seu nome é
considerado o melhor da Austrália), Samuelsson chamou a atenção até por sua figura. O magro e
calado jovem negro etíope colocou em nossos pratos o resultado
de uma cozinha original, forjada
em paralelo com sua própria vida
(nascido na Etiópia há 35 anos, ele
foi criado na Suécia e trabalha nos
Estados Unidos desde 1995). É o
que ele pretende mostrar nos dois
jantares que realiza em São Paulo,
dia 23 e 24, no restaurante TriBeCa (veja o cardápio ao lado), e na
aula que vai ministrar na Universidade Anhembi-Morumbi no dia
22, com o tema "Estética, Textura
e Sabor" (com inscrições pelo site
www.anhembi.br).
O restaurante onde é sócio e
chef, Aquavit, começou em 1987
como um restaurante escandinavo. Mas, desde a efetivação de Samuelsonn como chef, em 1995, é
difícil definir assim sua cozinha.
Seus pratos são delicados, minimalistas, integram poucos e bons
ingredientes retirados em parte
da tradição escandinava, mas
também vindos de outros cantos.
"Eu faço uma cozinha global",
disse o chef à Folha por telefone,
enquanto preparava sua vinda.
"Crio pratos pensando numa cozinha global e moderna, incorporando elementos da Suécia, da
África, dos Estados Unidos. Hoje
em dia é muito fácil conseguir os
ingredientes, então esta combinação é mais possível", diz.
O chef acredita que a cozinha
viaja e, aonde os turistas vão,
aprendem novos hábitos, que
passam a incorporar. Como sua
própria vida foi até hoje uma longa viagem, é natural que ela se expresse em sua arte.
"Há dez anos houve um "boom"
asiático, influenciando a moda na
cozinha", diz Samuelsson. "Hoje
não é mais o caso, acho que a cozinha latina é mais influente. E acredito que em breve a cozinha africana vai se tornar popular." Que
elementos desta cozinha ele utiliza hoje em seus pratos? "Não são
as técnicas, mas principalmente
os temperos", responde ele.
Samuelsson já esteve no Brasil
em 2002, quando preparou um
jantar no extinto Payard e aproveitou para viajar para a Bahia.
"Apreciei a qualidade da cozinha
profissional de SP e especialmente a cozinha típica que conheci em
outros locais do Brasil." Não é difícil entender que as marcas africanas da cozinha baiana tenham
comovido o chef etíope.
Além do Aquavit, Samuelsson é
também sócio dos restaurantes
AQ Cafe e Riingo, em Nova York.
Na Europa ele estudou cozinha na
Suíça e trabalhou na França com
o estrelado chef Georges Blanc.
(JOSIMAR MELO)
Texto Anterior: Wells inaugurou tradições na ficção científica Próximo Texto: Mundo gourmet: Parrilla Brasileña reúne na grelha o pior de dois mundos Índice
|