Filme marca estréia de Lucy Barreto na direção

ADRIANA PAVLOVA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Na década de 70, a produtora de cinema Lucy Barreto assistiu ao espetáculo de estréia do Grupo Corpo, o até hoje celebrado "Maria, Maria". O impacto foi tanto que Lucy pensou imediatamente em transformar a coreografia num filme. A produção não aconteceu, mas desde então a mineira Lucy não deixou mais de freqüentar os balés de seus conterrâneos. O que antes era apenas um desejo agora virou realidade com "Grupo Corpo 30 Anos - Uma Família Brasileira", documentário em cartaz em São Paulo sobre a história da companhia de dança.
Aos 74 anos, a mulher do produtor Luiz Carlos Barreto e mãe dos cineastas Fabio e Bruno Barreto aproveitou o aniversário de 30 anos do Corpo para fazer sua estréia como documentarista. Em meio à produção de "Onqotô", espetáculo de 2005 que marcou as três décadas de palco da companhia, os irmãos Paulo e Rodrigo Pederneiras -diretor artístico e coreógrafo- abriram os bastidores e a intimidade do grupo.
"Eles são um grupo de imenso reconhecimento internacional que conseguiu ser uma verdadeira família. Ali, todos, inclusive os bailarinos, trabalham com prazer", diz Lucy, que contou com a ajuda de seu filho Fabio e do cineasta Marcelo Santiago na direção.
Para chegar aos 74 minutos finais, Lucy burilou 60 horas de filmagens. O resultado é um documentário clássico, costurado pela construção coreográfica do espetáculo "Onqotô": os exaustivos ensaios na sede do grupo em Belo Horizonte, as turnês internacionais e até uma entrevista com os criadores da trilha sonora, Caetano Veloso e José Miguel Wisnik.

De dentro do palco
Mas não é só. O filme mostra também o profundo envolvimento dos cinco irmãos Pederneiras no cotidiano do Corpo, relembra os balés antigos, exibe conversas com curadores internacionais, além de imagens de arquivo de entrevistas de Paulo e Rodrigo. Por fim, o singelo depoimento dos inventores da companhia, um casal cujo amor pela música e culto pela casa cheia foram fundamentais para a gênese do grupo.
Para Lucy, no entanto, o diferencial deste documentário-celebração é a forma como "Onqotô" foi feito. "Fugi da filmagem tradicional, que é mostrar a coreografia do ponto de vista do público. Filmamos de dentro do palco, com duas câmeras laterais e uma grua", completa ela, que tomou gosto pela direção. "Vou mostrar brasileiros exemplares nos meus próximos documentários." O primeiro passo já foi dado.