São Paulo, quarta, 18 de novembro de 1998

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Morre em São Paulo o sociólogo Maurício Tragtenberg

da Reportagem Local

O sociólogo Maurício Tragtenberg, 69, morreu às 13h30 de ontem após sofrer uma parada cardiorrespiratória na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Sírio Libanês, em São Paulo.
Internado na UTI desde a semana passada, Tragtenberg estava com câncer e sofria de diabetes. O câncer foi descoberto em maio deste ano.
O velório estava programado para acontecer ontem à noite na sala do Conselho Universitário da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica), onde o sociólogo lecionou por 34 anos.
O corpo de Tragtenberg deve ser cremado às 15h de hoje, no Cemitério da Vila Alpina.
De origem judaica, Tragtenberg nasceu no Rio Grande do Sul. Veio para São Paulo ainda criança.
Tragtenberg não chegou a terminar o primário. Completou sua formação de forma autodidata, estudando diariamente na Biblioteca Mário de Andrade.
Ali, conheceu diversos intelectuais, entre eles os sociólogos Fernando Henrique Cardoso e Florestan Fernandes. Era muito próximo do antropólogo Darcy Ribeiro.
Para ser aceito pela Faculdade de História da Universidade de São Paulo, escreveu em 1956 o livro "Planificação: Um Desafio do Século 20", prefaciado por Antonio Candido.
Na USP, Tragtenberg seguiu carreira acadêmica. Sua principal obra é "Burocracia e Ideologia".
Era proprietário de uma biblioteca de cerca de 20 mil livros, divididos entre seu apartamento em Perdizes e sua chácara em Cotia.
Tragtenberg era professor aposentado da Fundação Getúlio Vargas e da Unicamp.
Na PUC, onde começou a dar aulas em 64, ainda lecionou para graduação e pós-graduação até o primeiro semestre deste ano. Estava escrevendo nova obra.
"Ele lutou muito contra a doença. Já tinha até definido os temas das aulas do próximo semestre", afirmou seu colega Lúcio Flávio de Almeida, chefe do Departamento de Política da Faculdade de Ciências Sociais da PUC.
Segundo Almeida, "Tragtenberg foi um dos mais importantes intelectuais brasileiros de segunda metade deste século".
Casado com Beatriz Tragtenberg, era pai do compositor Lívio, da cantora lírica Lucila e do físico Marcelo.



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