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ARQUITETURA
Novo curso, no centro de SP, fará primeiro vestibular em janeiro
Escola da Cidade abre portas em 2002
FRANCESCA ANGIOLILLO
DA REPORTAGEM LOCAL
Prometendo uma discussão
contínua dos problemas da metrópole real, do lado de fora de seu
edifício no centro de São Paulo, a
Escola da Cidade começa a funcionar em março de 2002.
Foram cinco anos planejando o
currículo do novo curso de arquitetura, buscando um lugar
-acharam um edifício, projetado inicialmente para residência,
pelo arquiteto Oswaldo Bratke
(1907-1997)- e, por fim, esperando a aprovação do Ministério
da Educação, que veio em agosto.
O primeiro vestibular aceita inscrições até 18 de janeiro.
Os fundadores, arquitetos que
atuam no mercado, mas têm experiência acadêmica, defendem
um ensino integrado: em vez de
departamentos e disciplinas estanques, cada qual com seu exercício, a Escola da Cidade terá temas (como ambiente, para o primeiro ano, por exemplo) para as
aulas, divididas em blocos teórico
e prático -no qual alunos de diversos anos e professores resolverão problemas conceituais e técnicos dos exercícios.
Detalhe importante: os projetos
-a cada vez um, para todas as
disciplinas do ano- se basearão
em situações reais de São Paulo. A
idéia é dar respostas factíveis a
problemas atuais, que possam ser
apresentadas à opinião pública.
Paradigma
"Queremos resgatar o que o
[João Batista Villanova] Artigas,
em 63, propôs", diz o diretor da
escola, Ciro Pirondi, 45, lembrando um dos ideólogos (e autor do
prédio) da FAU-USP.
A Faculdade de Arquitetura e
Urbanismo da Universidade de
São Paulo é, em essência, o paradigma da Escola da Cidade. As
quatro disciplinas (história, urbanismo, projeto, tecnologia) que o
novo curso recupera estão na origem dos departamentos da FAU.
A divisão, pragmática, em seções de projeto, história e tecnologia é um dos fatores a dificultar,
na USP, a vontade de um ensino
agregador. Arnaldo Martino, 61,
professor da FAU-USP e um dos
cinco membros da comissão do
MEC que indica verificadores
(pessoas que analisam propostas
de novas instituições), confirma.
"O projeto de ensino [da Escola
da Cidade" tem uma visão bem
integrada da arquitetura, que temos perseguido, mas que é difícil
nas escolas tradicionais, que já
vêm compartimentadas desde o
início", pondera Martino.
Cada disciplina ganhará um dia
de aula. O desenho, que "permeia
todas as disciplinas", diz Pirondi,
será dado às quartas.
As quartas, aliás, serão dias especiais para a Escola da Cidade. É
quando haverá seminários, ampliando os temas de debate, com
nomes tão diversos como a cenógrafa Daniela Thomas ou o jornalista e escritor Fernando Morais.
De tanto em tanto, as quartas
serão usadas para uma avaliação,
feita por alunos e professores, do
funcionamento da escola, "não de
forma quixotesca ou infantil, mas
crítica", ressalta Pirondi.
O preço dessas boas intenções é
alto. São R$ 100 para prestar o vestibular, composto de prova de conhecimentos gerais e de aptidão
específica (a Fuvest, responsável
pelo exame da USP, cobrou este
ano R$ 56). Uma vez que o candidato se torne um dos 60 calouros,
pagará R$ 950 por mês.
Os pais da idéia concordam que
são números salgados, mas ressaltam que a associação não tem
fins lucrativos: o valor pago será
todo reinvestido na escola. O modo idealizado para vencer o rótulo
de escola elitista depende da colaboração da iniciativa privada, que
"adotaria" alunos. "O que são R$
950 por mês para um grande empresário?", pergunta Farah, que
espera que o apadrinhamento
atinja 50% dos estudantes e diz
que já há parceiros interessados.
Anália Amorim, 40 (presidente
da entidade mantenedora da escola, a Associação de Ensino de
Arquitetura e Urbanismo de São
Paulo), levanta outra possibilidade: no período da manhã, que não
tem aulas (elas vão das 14h às
20h), o aluno pode trabalhar em
algum dos núcleos da associação
-como o de aplicação, que já
funciona, criando projetos de interesse social em áreas periféricas
como Cidade Tiradentes. No entanto, diz ainda, não há uma política formal para essas bolsas: cada
caso deveria ser negociado.
Informações: 0/xx/11/3258-8108
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