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GASTRONOMIA
Cerveja "séria" invade guia de botequins do Rio
MÁRVIO DOS ANJOS
DA REDAÇÃO
Encher a cara e jogar conversa
fora está virando assunto cada vez
mais sério no Rio. Essa é a impressão que se tem ao folhear as primeiras páginas da quinta edição
do "Guia Rio Botequim", que volta a eleger, após um ano de interrupção, os 50 melhores estabelecimentos etílicos da cidade.
Uma novidade é que a seleção
não ficou restrita ao Centro e à zona sul. "Era necessário que a pesquisa se estendesse às zonas norte
e oeste, que têm espaços tão significativos quanto qualquer um da
zona sul. O botequim é uma coisa
da alma carioca, está presente em
toda a cidade", diz Ricardo Macieira, 47, secretário municipal
das Culturas -ele mesmo um
dos 16 boêmios notáveis do júri.
"Escolhemos 16 pessoas de sucesso, que transitam pelo Rio, conhecem a cidade e que têm história na boemia carioca", diz o secretário. Na lista, surgem nomes
como os músicos Moacyr Luz,
Henrique Cazes e Ed Motta, o
chef José Hugo Celidônio e a livreira Laura Gasparian.
De entrada, o "Guia" serve em
fotos dez ícones da alma do botequim, selecionados pela comissão
como verdadeiros patrimônios.
Da arquitetura do Paladino, no
Centro, à torre de chope feita em
bronze do nonagenário Bar Brasil
(Centro); do cabrito com arroz de
brócolis (R$ 39) do Nova Capela,
na Lapa, ao sanduíche de filé com
queijo e abacaxi do Cervantes (R$
9,50), em Copacabana.
Depois, a outra novidade: como
acompanhamento didático, seguem-se um pouco da história, a
classificação das cervejas e dicas
do mestre-cervejeiro Gilberto
Statzevicius, da AmBev, para a extração de um prazer ainda mais
apurado dos filhos legítimos da
cevada. Altura de colarinho, temperatura na mesa entre 2C e 5 e
pratos selecionados para realçar o
sabor da cerveja e do chope.
Mas será que esse rigor pega? O
cartunista Miguel Paiva, 53, diz
que é impossível, porque "depois
do terceiro chope, ninguém presta mais atenção em nada". Para
Macieira, as dicas servem como
curiosidade. "No botequim, o que
realmente interessa é a temperatura. Se o chope estiver gelado, o
copo pode até estar sujo que não
tem problema". Moacyr Luz discorda: "O copo tem que estar limpo". O rigor, para Luz, está no
mobiliário: tem que ter mesa de
mármore e cadeira de madeira.
Houve outras discordâncias.
"Não fui louco de não votar no
Lamas", diz Luz, em referência ao
bar fundado em 1874, excluído
porque "perdeu a alma". "Virou
restaurante", diz Paiva, sobre a
discussão que deve ter tomado
tempo e chopes.
A preocupação de não deixar o
"Guia Rio Botequim" só pelos lados do Centro e da zona sul fez
com que a própria comissão julgasse em separado os três melhores de cada região, ainda que não
estivessem entre os 50 melhores.
No fim, há espaço para personagens -como outro Paiva, o do
Jobi (Leblon), eleito melhor garçom- e para a escolha popular,
feita por urnas fixas, urnas volantes pela cidade e até pela internet.
Na popular, como na do júri, nenhuma surpresa: deu Bracarense,
do Leblon, agora tricampeão.
GUIA RIO BOTEQUIM - 5ª EDIÇÃO. Realização: Prefeitura do Rio/Secretaria
Municipal das Culturas. Editora: Casa da
Palavra. Quanto: R$ 29 (128 págs.)
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