São Paulo, sexta, 18 de dezembro de 1998

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EXPOSIÇÃO
Museu de arte contemporânea francesa empresta parte de seu acervo; tema da mostra é memória e presente
Acervo do Rochechouart vem ao Brasil em 99

ANNA LEE
da Sucursal do Rio

O Museu de Arte Contemporânea de Rochechouart -situado na região de Haute Vienne, a cerca de 400 km de Paris- traz ao Brasil, no segundo semestre do ano que vem, parte de seu acervo para mostrar que nem só de passado vive a arte francesa.
Segundo o adido cultural do Consulado Geral da França no Rio de Janeiro, Marc Pottier, "a produção contemporânea francesa é bastante expressiva e existe uma preocupação em divulgá-la em países da América do Sul".
"Nossa intenção é continuar a valorizar a França patrimonial, trazendo ao Brasil grandes exposições de artistas clássicos, mas também mostrar uma nova França, contemporânea", disse Pottier.
"Tivemos a sorte de conhecer bem Jean-Marc Prevost, diretor do Museu de Rochechouart, um dos mais importantes de arte contemporânea da Europa, e que está com sua coleção disponível."
O museu, inaugurado em 1985, ocupa um castelo medieval e, durante todo o ano que vem, estará fechado para obras de ampliação -o que tornou possível a realização desta exposição.
No início da semana, Prevost esteve em São Paulo e no Rio para visitar algumas instituições e escolher os locais da mostra.
Em São Paulo, a exposição será realizada no Paço das Artes, de 25 de julho a 15 de setembro. Também acontecerão no MuBE (Museu Brasileiro de Esculturas) projeções de vídeos e palestras.
No Rio, a mostra será na Casa França-Brasil e ocupará salas do Centro Cultural Light e do Centro de Arte Hélio Oiticica, em outubro e novembro.
Prevost disse que ficou surpreso com as boas condições técnicas dos museus e centros culturais que visitou. "Percebi que os espaços estão preparados para receber grandes exposições. A dificuldade de realizar eventos fica por conta da falta de verba pública permanente para as instituições, como acontece na França."
Os custos da exposição serão divididos entre o governo francês e as instituições que abrigarão a mostra, por meio de patrocinadores ou recursos próprios.
Antes de chegar ao Brasil, a mostra passará por Buenos Aires, em março e abril, e por Santiago, de maio a julho.

Obras
A exposição no Brasil apresentará 23 obras, que abordam dois temas: memória e presente. Grandes instalações serão os destaques.
A maior delas, "Le Grenier du Château" (2,2m x 1m x 2m), de Christian Boltanski com colaboração de Anette Messager, é constituída por um varal que sustenta um emaranhado de lençóis, formando uma espécie de labirinto por onde o público caminha. Nos lençóis, os artistas registraram uma série de desenhos, alguns deles feitos com sangue.
Segundo o diretor, as instalações que serão apresentadas por Suzanne Lafont mostram a preocupação da artista com a realidade política e social do mundo. Em serigrafias, ela retrata personagens considerados excluídos da sociedade e procura inseri-los em estruturas arquitetônicas.
A exposição não é apenas de artistas franceses. Dentre outros estrangeiros, está o italiano Michelangelo Pistoletto, que vai mostrar "Una Donna" -serigrafia composta de um espelho, no qual o espectador vê sua imagem refletida ao lado de uma foto de mulher.
Prevost afirmou que, além de divulgar a arte contemporânea francesa, também pretende conhecer o trabalho de novos artistas brasileiros para, no futuro, promover uma exposição da arte contemporânea brasileira no Museu de Rochechouart.



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