São Paulo, sexta-feira, 19 de janeiro de 2001

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VÍDEO/"INSTITUTO DE BELEZA VÊNUS"

Filme é amostra do pior legado da nouvelle vague

TIAGO MATA MACHADO
ESPECIAL PARA A FOLHA

O cinema francês anda mesmo precisando de um tratamento para rejuvenescer. Nestas últimas décadas, a cinematografia francesa não fez senão perder, em conversas banais (de pseudo-intelectuais) e falsas promessas de louco amor, o viço que adquiriu, há 40 anos, com a nouvelle vague.
Hoje, a nouvelle vague seria como essas quarentonas de "Instituto de Beleza Vênus" que tratam, a todo custo, das rugas e cicatrizes.
As mulheres, é bem verdade, têm prometido outros ares para o cinema francês. Novas diretoras surgem a todo momento, ora dizendo-se mais sutis do que os homens, ora prometendo histórias de amor mais cruas e explícitas. Esteticamente, a moda feminina parece ter o mesmo efeito sobre o cinema francês do que esses efêmeros tratamentos de beleza a que se submetem as madames do filme de Tonie Marshall.
O máximo de ousadia a que Marshall se permite são alguns falsos "raccords" e muitas elipses narrativas, como manda a moda publicitária. De resto, o filme não demora a recair na inapetência estética e dramatúrgica de mais uma daquelas modorrentas histórias de amor que de fato constituem, em sua banalidade recorrente, o pior e mais remanescente legado da nouvelle vague.
A diferença desta aqui é que a protagonista é uma mulher de 40 anos (Baye). Ela está na idade da loba e já não crê no amor. Quer apenas uma boa companhia, alguém que saiba dançar e transar bem. As tragédias passionais que marcaram seu passado fizeram-na acreditar que o amor é uma doença, mas, ainda que ande sempre com um pé atrás, não deixará de cair mais uma vez na velha armadilha do amor. Afinal amor com amor se cura.


Instituto de Beleza Vênus
Vénus Beauté (Institut)
  
Direção: Tonie Marshall
Produção: França, 1999
Com: Nathalie Baye, Audrey Tautou
Distribuidora: Cult Filmes




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