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MODA
Designers Emilene Galende e Gisele Nasser são destaques do evento, que mostra amadurecimento de estilistas
Amni Hot Spot apresenta sua melhor edição
ERIKA PALOMINO
COLUNISTA DA FOLHA
Encerrado na última sexta-feira em São Paulo, o Amni
Hot Spot de inverno 2004 aponta
o amadurecimento de seus participantes, justificando a razão primeira do evento -proporcionar
que estilistas iniciantes apresentem coleções temporada após
temporada. Eles crescem principalmente no conjunto, convergindo para que essa sexta edição
seja a melhor já realizada.
Os melhores desfiles: Emilene
Galende e Gisele Nasser. Não por
coincidência, designers que mantêm um olho no comercial, propondo abordagens criativas e pessoais. No momento em que a moda conceitual agoniza -no mundo-, também no Amni Hot Spot
errou mais quem investiu só no
abstrato (chato).
Emilene demonstra bom domínio de seu vocabulário e cada vez
mais intimidade com a roupa,
conduzindo sua imagem de adolescente "folk" para a de mulher
bacana, brincando com o clássico
e com o retrô anos 40, tendo como ápice o tailleur de Cintia Dicker.
Não é pouco. Gisele, por sua vez,
agrada com o boêmio uso das estampas, produzindo roupa verdadeira para uma consumidora descolada e feminina. O mesmo tipo
de vitória foi obtido por Fabia
Bercsek.
Outra agradável constatação foi
ver que J.Pig não era fogo de palha. O simpático estilista acerta de
novo em seu segundo desfile,
avançando no esportivo e em sua
silhueta fragmentada, bom uso
das estampas.
O iconoclasta Adriano Costa
avança em seu mundo de camisetas, produzindo aquelas que são
desde já hit para a estação (Michael Jackson, Caetano Veloso),
debochando da própria cultura
da moda e de seu próprio hype.
Compõe suas imagens com peças
de brechó, confundindo (e cansando) o público -até onde vai
sua criação? O que não é dele bem
que poderia ser feito, já que havia
boas peças no desfile, principalmente no masculino. A Neon -já
foi dito- é uma pequena jóia para fashionistas; Eduardo Inagaki
tem o que contar com suas silhuetas e estampas, mas um pouco de
pretensão o atrapalha (a melhor
peça é o vestido-camisa com bolsões coloridos). A equação é conceito + rua, como no caso de Raquel Uendi e seu modernismo em
branco e do casal Depeyre. Wilson Ranieri não deveria ter copiado Miyake na forma de apresentação, empacando a vista de seus
sempre corretos vestidos retorcidos. Jefferson de Assis fez progressos, está mais leve, trabalhando bem no tricô e nos looks em lilás do final, com boa imagem de
moda. Samuel Cirnanski se mantém fiel ao drama, surpreendendo
com a abertura com Michelle Alves, um momento fashion. Simone Nunes preserva a ironia, flertando com o mercado e brilhando
com Rojane de vestido tipo mesa
de festa vermelho.
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