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18ª SP FASHION WEEK
Evento começa hoje, pela primeira vez na história com 7.000 ingressos à venda
Inverno 2005 leva ferveção e cultura de moda à Bienal
ERIKA PALOMINO
COLUNISTA DA FOLHA
A São Paulo Fashion Week que
começa hoje se pretende revolucionária. Pela primeira vez, um
evento de moda no mundo permite a compra de ingressos para
suas dependências. Ainda que esses tíquetes não dêem acesso às
salas de desfile em si, permitem
que as chamadas "pessoas comuns" circulem junto aos empertigados fashionistas nos corredores da Bienal.
Os ingressos podem ser adquiridos por meio da mostra de 80
filmes e documentários "Olhares
do Brasil", que acontece no Porão
das Artes (no subsolo do prédio).
Mas, caso o visitante não queira
ver filme nenhum, sem problema.
Pagou, entrou. As entradas estão
à venda antecipadamente via Ticketmaster ou no local.
O visitante recebe uma senha, e
o ingresso está sujeito à disponibilidade por sessão. Serão vendidos
mil convites por dia. A renda será
destinada aos projetos Ofício Moda, da ONG Estrela Nova, e Cinema e Vídeo Brasileiro nas Escolas,
da ONG Ação Educativa.
É possível passar o dia por lá,
zanzando. Há telões transmitindo
o que acontece na passarela e
muita ferveção à volta. O interior
do prédio da fundação está transformado numa megaexibição virtual, uma "grande instalação panorâmica" criada pelo designer
gráfico Muti Randolph.
As paredes recebem projeções
de até 50 metros de largura, com
obras de 27 artistas, entre fotógrafos, ilustradores e cineastas, de
nomes da moda como Gui Paganini e Daniel Klajmic, até Pierre
Verger e Mario Cravo Neto. As
imagens tratam da formação da
cultura brasileira, já que o tema
desta edição do evento é "Brasil, o
que Inspira; Brasil que Inspira".
"Queremos repensar a moda como reflexo da cultura, estéticas e
misturas que formam o caldeirão
brasileiro", diz Paulo Borges, diretor do evento.
A abordagem é revolucionária
porque abre as portas de um tipo
de evento que é, em sua natureza,
exclusivista. Conforme foram
concebidas originalmente em Paris, passando a acontecer depois
em Milão, Londres e Nova York (e
espalhando-se como coqueluche
pelo planeta), as semanas de moda são eventos destinados aos
profissionais deste setor: editores
de moda, jornalistas, diretores de
revistas e jornais, produtores, fotógrafos, diretores de arte, compradores e assim por diante.
Em Paris, há desfiles extremamente importantes que chegam a
acontecer apenas para 200 ou 150
convidados, escolhidos em termos de hierarquia global. É impossível, ainda, entrar nas sedes
desses eventos, a menos que a
criatura tenha sido convidada pela própria marca.
No Brasil, desde o início de seu
calendário, há quase dez anos,
sempre foi comum a presença de
convidados que nada têm a ver
com a moda: estão ali pela festa,
por curiosidade, para ter assunto
e fazer parte. A questão é que
eventos de moda como a São Paulo Fashion Week passaram a fazer
parte da vida cultural da cidade e
do país, transcendendo seu DNA
original. Pior para os puristas.
Formar uma cultura de moda
num país com essas dimensões
(sociais e geográficas) exige mesmo um tratamento de massa. No
total, esta edição da São Paulo
Fashion Week espera receber 105
mil pessoas, durante sete dias.
Indo na contramão dessa idéia,
entretanto, o estilista Ricardo Almeida, que abre o evento hoje, às
14h15, garante que não convidou
nem um VIPzinho sequer. Criador exclusivo de moda masculina,
e famoso pelos ternos feitos para
o presidente Lula, ele diz que não
vai deixar entrar nem câmeras de
TV. "O evento está mais maduro
agora, já dá para falar só de roupa", diz o estilista.
SÃO PAULO FASHION WEEK INVERNO
2005. Quando: de hoje a 25 de jan.,
diariamente, das 10h às 22h. Onde:
prédio da Bienal (pq. Ibirapuera, portão
3, SP). Mostra Olhares do Brasil
(programação com 80 documentários)
só pelo Porão das Artes (subsolo do
prédio), com venda antecipada pelo
serviço Ticketmaster (tel. 0/xx/11/6846-6000) ou www.ticketmaster.com.br.
Quanto: R$ 30 e R$ 15 para estudantes
com carteirinha.
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