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ARTES PLÁSTICAS
Com a inauguração da galeria Favo, são sete os espaços da rua de SP voltados à produção e comércio de arte
Fradique Coutinho vira "bulevar das galerias"
GABRIELA LONGMAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Se São Paulo tem há tempos, na
região central, uma rua das noivas
e outra especializada em luminárias, começa a chamar atenção, na
zona oeste, o que se poderia chamar de um "bulevar das galerias".
Com a inauguração da galeria Favo, em dezembro, já são sete, ao
todo, os espaços da Fradique
Coutinho voltados para produção
e comércio de arte, nas poucas
quadras em que a rua atravessa o
bairro da Vila Madalena.
"Realmente a rua concentrou
esse tipo de atividade, caracterizou-se como pólo", diz Ricardo
Ramalho, artista plástico, curador
e dono da galeria Favo. Instalado
num antigo sobrado da década de
40, o novo espaço de quatro salas
e jardim pretende investir em novas frentes artísticas. O acervo já
inclui videoarte, painéis de temática urbana e HQs desenhadas por
Lourenço Mutarelli.
"Depois de trabalhar numa galeria no Porto [Portugal], fiquei
com vontade de me envolver com
mercado de arte, com as entranhas desse sistema. Uma das nossas idéias é oferecer artistas mais
acessíveis aos colecionadores
-apostar em grandes nomes,
mas não ficar restrito a isso", explica Ramalho.
A primeira coletiva no espaço
vai até fevereiro e inclui obras de
Eduardo Verderame, Gustavo
Godoy, Juliana Russo, Tulio Tavares, entre outros. O jardim deve
ganhar uma reforma e, no futuro,
promover performances. "Em
Portugal, as galerias servem para
vender arte e só. Em São Paulo,
elas se integram à vida cultural da
cidade", compara.
Diversidade
De espaços especializados, como a Gravura Brasileira, a estúdios com ares vanguardistas, como a Casa da Xiclet, a Fradique
reuniu um time de galeristas que
inclui nomes consagrados, como
André Millan. Instalada na Fradique Coutinho desde setembro de
2004, a Millan Antonio (sociedade de André com Florence Antonio) ocupa um espaço de 370 m2 e
representa artistas como Tunga,
Mira Schendel, Amilcar de Castro, Tiago Rocha Pitta e Lenora de
Barros, entre outros.
Também no time das consagradas, a galeria Fortes Vilaça -cuja
origem foi a Camargo Vilaça, criada pelo marchand Marcantonio
Vilaça (1962-2000)- inaugura
hoje a exposição "Hollywood
Boulevard", uma coletiva em torno do fascínio mítico do cinema
sobre a cultura contemporânea.
"Temos um diálogo bom com
os ateliês e as galerias próximas",
diz Eduardo Besen, diretor da
Gravura Brasileira, cujo acervo
inclui mais de 3.000 obras. "Alguns artistas trabalham no Ateliê
Piratininga, dão cursos no Espaço
Coringa e depois expõem aqui."
A galeria ficava na Gabriel Monteiro da Silva e mudou-se para a
Fradique em 2003. "Aqui, além de
termos um espaço maior, temos
um contato mais direto com a rua
e uma vizinhança mais interessada em arte", diz Besen.
Os ateliês - Piratininga e Espaço Coringa- aos quais ele se refere ficam a menos de uma quadra
de distância, também entre a Aspicuelta e a Inácio Pereira da Rocha. Ambos apostam na utilização coletiva de seus equipamentos -prensa, laboratório fotográfico, ilha de edição etc- e na oferta de cursos ministrados pelos
próprios artistas.
"Aqui podemos dar aulas ao
mesmo tempo que mostramos o
processo de trabalho", explica Ernesto Bonato, coordenador do
Ateliê Piratininga, que, além de
cursos e oficinas, promove também pequenas exposições.
Resultado da união de oito artistas -a maior parte deles se conheceu na faculdade há quase dez
anos-, o Espaço Coringa busca
integrar a execução, a reflexão e o
ensino das artes plásticas na gestão coletiva do espaço. Além do
projeto com artistas-residentes, o
grupo monta um acervo com os
trabalhos produzidos.
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