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MÚSICA E HISTÓRIA
Entrada é franca
Com viola, Freire revive tradição dos "causos"
JANAINA FIDALGO
DA REPORTAGEM LOCAL
Quando seu Manelin, mestre na
arte de tocar viola, saiu do sertão
do Urucuia (MG) para visitar São
Paulo pela primeira vez, levou um
susto. Era época de Natal. Na avenida Paulista, viu uma exposição
sobre Papai Noel. "Quem é aquele
cara?", perguntou ao discípulo, o
também violeiro Paulo Freire, 48.
Mestre na transmissão oral sertaneja, essa tradição seu Manelin
não conhecia. Pensando nele e, na
ponta inversa, naqueles que desconhecem as entidades fantásticas do Brasil, Freire teve a idéia de
"promover encontros" entre figuras como o Papai Noel e o capeta,
o coelho da Páscoa e o Curupira...
"Causos" que o violeiro e escritor
conta hoje no Sesc Pinheiros.
"Comecei a colocar os nossos
mitos com os outros. Qualquer
criança conhece o coelho da Páscoa, mas poucas conhecem o Curupira. Na história, o Curupira fica sabatinando o coelho, e eles
discutem o que é tradição."
Das viagens que Freire fez pelo
sertão, das tantas histórias ouvidas e contadas, nasceu o espetáculo apresentado hoje. Para o violeiro, o contar "causos" é a literatura falada do caipira.
"O Guimarães Rosa passava
muito tempo no armazém do pai,
com viajantes contando "causos".
Ficava escutando as histórias para
transformá-las em literatura. As
duas vias, a literatura falada e a escrita, se completam", diz ele.
Para preservar a oralidade, musical por si só, o músico gravou só
duas das 12 histórias que contará
hoje. "O encontro das pessoas é
importante", avalia ele.
Nos grandes centros, os "causos" encontram paralelo nas lendas urbanas: "Diz que todo mito
tem uma função social, surge da
necessidade de dar explicação para algo que a gente não entende,
ou dar uma lição para as pessoas".
Viva o Causo Brasileiro
Quando: qui., às 20h
Onde: Sesc Pinheiros (r. Paes Leme, 195,
SP, tel. 0/xx/11/3095-9400)
Quanto: entrada franca (retirar senhas)
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