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Crítica/ "Um Olhar do Paraíso"
Longa faz mistura insólita entre mistérios e drama
SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA
"Eu tinha 14 anos
quando fui assassinada, em 6 de dezembro de 1973", informa a
narradora, Susie Salmon, na segunda frase do romance "Uma
Vida Interrompida", da norte-americana Alice Sebold.
Ao manter esse ponto de vista na adaptação para cinema, o
neozelandês Peter Jackson ("O
Senhor dos Anéis", "King
Kong") faz de "Um Olhar do Paraíso" uma reedição dos filmes
narrados por mortos, como
"Crepúsculo dos Deuses". Seu
diferencial: estabelecer de onde fala a personagem.
Não se trata bem do "paraíso", como sugere a tradução
brasileira, mas do limbo (purgatório?) que separa a vida material na Terra do "céu" espiritual. É de lá que Susie (Saoirse
Ronan) conta o que lhe aconteceu por aqui e também o que
ainda a ocupa como "alma".
O Jackson dos efeitos especiais deita e rola ao imaginar
como seria esse limbo (o filme
custou exagerados US$ 65 milhões), enquanto o Jackson do
início de carreira (o de "Almas
Gêmeas") se dedica a dilemas
do universo adolescente, como
a descoberta da sexualidade.
Resultado: insólita combinação entre filme de assassino serial e filme de drama com visão
reconfortante da vida, pautada
por trilha sonora de Brian Eno
e pela atuação de Stanley Tucci,
indicado ao Oscar de coadjuvante, como o mal que se esconde na casa da esquina.
UM OLHAR DO PARAÍSO
Diretor: Peter Jackson
Produção: EUA/ Reino Unido/ Nova
Zelândia, 2009
Com: Mark Wahlberg, Saoirse Ronan
Onde: Anália Franco UCI, Eldorado Cinemark e circuito
Classificação: 14 anos
Avaliação: regular
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