São Paulo, sexta-feira, 19 de março de 2004

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Mamma Roma
    

O que importa aqui é a boa qualidade da cópia: ela justifica até mesmo o fato de a ficha técnica da produção do DVD predominar, nos extras, sobre tudo o mais. Anna Magnani é a ex-prostituta obrigada pelo ex-cafetão a voltar à ação. Pasolini, como de hábito, não engrena sua narrativa muito bem, e ficamos sem saber de fato o real motivo de sua volta ao "trottoir", que precipita a crise com o filho adolescente, Ettore (Ettore Garafolo, um garoto que rouba todas as cenas), seu grande xodó, por quem economizou toda a vida para se mudar para Roma.
Pasolini filma a ronda noturna da "mamma" em plano-sequência: interpelada, a cada momento, por um grupo diferente, ela continua a contar o mesmo caso. Da mãe-puta à mãe-santa de "O Evangelho segundo são Mateus", em que sua própria mãe interpreta o papel de Maria: profundamente edipiana (culminando na realização de "Édipo Rei", em 1967), a primeira fase da obra de Pasolini toma o legado neo-realista de forma "indireta livre". Seu cinema de poesia ("linguagem escrita da realidade como linguagem") começa por buscar nas famosas lacunas das narrativas neo-realistas um pouco da beleza e do mistério da vida. Ainda nos parcos extras: vida e obra de Pasolini, além de biografias e filmografias. Direção: Pier Paolo Pasolini. Produção: Itália, 1962. Lançamento: Versátil.
(TIAGO MATA MACHADO)


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