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ARTES PLÁSTICAS
Exposição revela movimento e sua influência por meio das obras de Georges Seurat e Paul Klee, entre outros
Mostra no museu d'Orsay traça fio neo-impressionista
JOCELYN GECKER
DA ASSOCIATED PRESS, EM PARIS
Quando Georges Seurat mostrou ao mundo sua obra "Um Domingo na La Grande Jatte", provocou escândalo no meio artístico. Alguns críticos a descreveram
como caos sobre uma tela, mas
outros a saudaram como genial.
Poucos previram que ela ajudaria
a modificar o rumo da pintura no
século 20.
Hoje, a obra-prima pontilhista
de Seurat é uma das telas mais famosas do mundo, tanto em razão
da técnica inovadora que provocou tanta controvérsia no salão
impressionista de 1886 quanto
pela influência que exerceu sobre
a arte moderna.
A mostra "Neo-impressionismo - De Seurat a Paul Klee" foi
inaugurada na última terça no
museu d'Orsay e, segundo seus
curadores, é a primeira vez que o
movimento e sua influência de
grande alcance ganham uma exposição na França. A única outra
retrospectiva do gênero já realizada no mundo foi em 1968, no
Guggenheim, em Nova York.
A exposição em Paris, que ficará
aberta até 10 de julho, reúne uma
dúzia de trabalhos de Seurat entre
os 120 expostos, incluindo vários
que raramente deixam os museus
onde residem ou que integram
coleções particulares.
"La Grande Jatte" não faz parte
dos trabalhos expostos, mas está
representada em um dos últimos
esboços pintados pelo artista, cedido temporariamente pelo Instituto de Arte de Chicago. A obra,
cujo nome é o de uma ilha no rio
Sena, mede 2,1 m por 3,3 m e fica
exposta no museu americano,
mas, assim como outras grandes
telas de Seurat espalhadas pela
Europa e EUA, é grande e frágil
demais para ser transportada.
Apesar de ausente, "La Grande
Jatte" é homenageada na condição de obra crucial entre dois movimentos, responsável por desencadear uma revolução com a mudança de um traçado de pincel.
A técnica pontilhista de Seurat
consistia em aplicar a cor à tela
em pequenos pontos de cor pura,
formando um mosaico que, visto
de longe, criava um efeito mais luminoso e vívido do que as paletas
matizadas dos impressionistas.
Sua abordagem era trabalhada e
científica, fundamentada no estudo da teoria das cores e da mistura ótica. Em lugar dos passatempos indulgentes retratados por
Renoir e Monet, Seurat voltava
sua atenção a temas urbanos e
modernos.
Num primeiro momento, a reação foi de ultraje, disse o curador
chefe da mostra, Serge Lemoine.
"As pessoas acharam a tela escandalosa, totalmente incompreensível e bizarra", disse. "Outras a
consideraram extraordinária. O
estilo foi imediatamente imitado
na França, depois na Bélgica, Holanda e Alemanha."
A exposição começa pelo círculo de pintores mais próximos a
Seurat, como Paul Signac e Camille Pissarro, e mostra como o estilo rapidamente encontrou ressonância junto a seus pares na Bélgica (Henry van de Velde) e na Holanda (Jan Toorop) e nos expressionistas alemães. Após a morte
precoce de Seurat, em 1891, aos 31
anos, foi Signac quem conduziu o
movimento até o século 20. Ele
abrandou a técnica disciplinada
de Seurat, dando lugar a uma explosão ousada e vibrante de cores.
"No início do século 20, todos os
artistas jovens que queriam ser
modernos, que queriam ser de
vanguarda, não começavam pelo
impressionismo. Eles foram marcados por Signac", disse Lemoine.
Os nabis e fauvistas franceses,
os cubistas e até mesmo os pais da
pintura abstrata, todos passaram
por estilos neo-impressionistas a
caminho de seus próprios. A exposição inclui trabalhos dessa natureza de Edouard Vuillard, André Derain, Pablo Picasso e Georges Braques. Até mesmo Henri
Matisse tirou o chapéu para o
neo-impressionismo quando, em
1904, pintou "Luxe, Calme et Volupté", uma paisagem figurativa
imaginária criada em pinceladas
divididas de cor reluzente.
Desdobramentos da técnica foram importantes também para
"suspeitos" menos prováveis, entre eles um retrato pintado por
Modigliani em 1914, uma paisagem de Mondrian, uma cena de
igreja de Kandinsky e o totalmente pontilhista "Rivage Classique",
de Paul Klee, de 1931.
O site www.musee-orsay.fr traz
informações sobre a exposição.
Tradução Clara Allain
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