São Paulo, segunda-feira, 19 de março de 2007

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Feira na Holanda vai de Picasso a arte africana

Em Maastricht, 20ª edição da Tefaf exibiu Goya e Dalí entre mobiliário chinês e raridades; participação latino-americana foi tímida

GABRIELA LONGMAN
ENVIADA ESPECIAL A MAASTRICHT

"Sinto muito, mas a obra que lhe interessa já foi vendida." A peça em questão é uma gravura de Rembrandt de 7 cm x 7 cm, avaliada em cerca de 300 mil (R$ 835 mil), posta à venda na feira holandesa Tefaf (The European Fine Art Fair). Em sua 20ª edição, o evento encerrado ontem em Maastricht -a 200 quilômetros de Amsterdã e próxima da fronteira com Bélgica e Alemanha- reuniu 220 estandes com importantes marchands e galeristas vindos principalmente de França, Inglaterra, Alemanha, EUA e da própria Holanda.
Tradicional no mercado de arte europeu, a feira atrai sobretudo colecionadores, museus e fundações de arte. Além de Rembrandt e outros "old masters" da pintura holandesa e flamenga, era possível comprar um pequeno óleo sobre tela de Goya ("Cena de Escola", circa 1777), peças de estatuária grega, arte africana, livros raros, mobiliário chinês, pintura moderna e antigüidades. Só neste ano, mais de dez obras de Picasso foram postas à venda.
"Museus americanos costumam ser os primeiros a reservar peças para compor seus acervos", contou um funcionário do estande da galeria madrilena López de Aragón, que apresentava uma tela de Salvador Dalí ("Parto Iberia ou El Coloso") por 2,8 milhões.
Diferentemente de feiras como Arco (Espanha) e Basel (Suíça), a especialidade aqui não é arte contemporânea. O setor de pintura moderna, por outro lado, vem crescendo nas últimas edições e já ocupa cerca de 25% dos estandes (contra 50% para antigüidades e arte decorativa e outros 25% para obras dos séculos 14 ao 19). Entre outros motivos, a feira ganhou confiabilidade dos colecionadores por submeter as peças à vistoria de uma comissão de 120 especialistas. O objetivo é verificar qualidade e legitimidade das obras.

Anhembi de luxo
Nessa espécie de Anhembi de luxo, em que os ingressos de visitação custavam 55 -a feira foi "obrigada" a aumentar o preço depois que a edição passada recebeu 84 mil visitantes e extrapolou a capacidade do pavilhão e da própria cidade, que viu sua população de 120 mil habitantes quase dobrar-, o vernissage oferecido para mais de 1.500 pessoas servia ostras e champanhe sem intervalos.
Da América Latina, havia apenas dois expositores argentinos. Segundo a assessoria de imprensa, a idéia é tornar o evento mais conhecido entre o (endinheirado) público brasileiro. Além dos decoradores brasileiros Sig Bergamin e Jorge Elias, convidados pela feira, e da dona de antiquário Renée Behar, passou pela feira o empresário Pedro Corrêa do Lago, que participava do lançamento da versão em inglês de seu livro sobre Franz Post.


A repórter GABRIELA LONGMAN viajou a convite da organização da Tefaf


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