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Feira na Holanda vai de Picasso a arte africana
Em Maastricht, 20ª edição da Tefaf exibiu Goya e Dalí entre mobiliário chinês e raridades; participação latino-americana foi tímida
GABRIELA LONGMAN
ENVIADA ESPECIAL A MAASTRICHT
"Sinto muito, mas a obra que
lhe interessa já foi vendida."
A peça em questão é uma gravura de Rembrandt de 7 cm x 7
cm, avaliada em cerca de 300
mil (R$ 835 mil), posta à venda
na feira holandesa Tefaf (The
European Fine Art Fair). Em
sua 20ª edição, o evento encerrado ontem em Maastricht -a
200 quilômetros de Amsterdã
e próxima da fronteira com
Bélgica e Alemanha- reuniu
220 estandes com importantes
marchands e galeristas vindos
principalmente de França, Inglaterra, Alemanha, EUA e da
própria Holanda.
Tradicional no mercado de
arte europeu, a feira atrai sobretudo colecionadores, museus e fundações de arte. Além
de Rembrandt e outros "old
masters" da pintura holandesa
e flamenga, era possível comprar um pequeno óleo sobre tela de Goya ("Cena de Escola",
circa 1777), peças de estatuária
grega, arte africana, livros raros, mobiliário chinês, pintura
moderna e antigüidades. Só
neste ano, mais de dez obras de
Picasso foram postas à venda.
"Museus americanos costumam ser os primeiros a reservar peças para compor seus
acervos", contou um funcionário do estande da galeria madrilena López de Aragón, que
apresentava uma tela de Salvador Dalí ("Parto Iberia ou El
Coloso") por 2,8 milhões.
Diferentemente de feiras como Arco (Espanha) e Basel
(Suíça), a especialidade aqui
não é arte contemporânea. O
setor de pintura moderna, por
outro lado, vem crescendo nas
últimas edições e já ocupa cerca de 25% dos estandes (contra
50% para antigüidades e arte
decorativa e outros 25% para
obras dos séculos 14 ao 19). Entre outros motivos, a feira ganhou confiabilidade dos colecionadores por submeter as peças à vistoria de uma comissão
de 120 especialistas. O objetivo
é verificar qualidade e legitimidade das obras.
Anhembi de luxo
Nessa espécie de Anhembi de
luxo, em que os ingressos de visitação custavam 55 -a feira
foi "obrigada" a aumentar o
preço depois que a edição passada recebeu 84 mil visitantes
e extrapolou a capacidade do
pavilhão e da própria cidade,
que viu sua população de 120
mil habitantes quase dobrar-,
o vernissage oferecido para
mais de 1.500 pessoas servia
ostras e champanhe sem intervalos.
Da América Latina, havia
apenas dois expositores argentinos. Segundo a assessoria de
imprensa, a idéia é tornar o
evento mais conhecido entre o
(endinheirado) público brasileiro. Além dos decoradores
brasileiros Sig Bergamin e Jorge Elias, convidados pela feira,
e da dona de antiquário Renée
Behar, passou pela feira o empresário Pedro Corrêa do Lago,
que participava do lançamento
da versão em inglês de seu livro
sobre Franz Post.
A repórter GABRIELA LONGMAN viajou a convite da organização da Tefaf
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