São Paulo, quinta-feira, 19 de março de 2009

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"...E o Vento Levou" é o 1º clássico da Coleção Folha

Edição especial do filme, com livro e making of, chega às bancas no próximo domingo

DVD extra mostra saga para produzir obra, marcada por troca de diretores, alta expectativa e dificuldade na seleção da atriz principal

DA REPORTAGEM LOCAL

Prestes a completar 70 anos, "...E O Vento Levou" continua inabalável em seu posto de grande clássico da história do cinema americano.
No próximo domingo, dia 22, esse épico vencedor de oito Oscars, exibido pela primeira vez em dezembro de 1939, dá partida à Coleção Folha Clássicos do Cinema.
Ao todo, a coleção apresenta 20 representantes da diversidade de gêneros e da qualidade artística da produção hollywoodiana, organizados em volumes compostos por ao menos um DVD e por um livro contendo informações como histórias da produção, biografias e textos críticos.
O primeiro volume traz um bônus especial: além do livro e de dois discos com "...E o Vento Levou", há um DVD extra, com "O Making of de uma Lenda".
Incluído na edição comemorativa de 65 anos do filme -que teve tiragem limitada e hoje é raridade-, o making of pode ser visto como a melhor confirmação da frase do cineasta francês Jacques Rivette: "Todo filme é um documentário sobre seu modo de produção".
Cheia de percalços e reviravoltas, a história do empreendimento para erguer "...E o Vento Levou" é tão emocionante quanto o filme.
O making of se faz valer de um belo manancial de imagens de arquivo, mas talvez sua maior riqueza esteja nos memorandos escritos pelo produtor do filme, David O. Selznick. São textos que revelam perfeccionismo, além de mostrar vacilos e dúvidas.
Os direitos de adaptação do livro, um épico romântico escrito pela estreante Margaret Mitchell, foram comprados por Selznick antes mesmo de sua publicação. A principal responsável por isso foi Kay Brown, olheira do produtor para bons materiais literários inéditos, que teve acesso aos originais e lhe passou a dica.
Da assinatura do contrato -em junho de 1936, na mesma semana em que o romance foi publicado- à pré-estreia do filme -em dezembro de 1939-, passaram-se atribulados três anos e meio. O faro de Brown se confirmou: "...E o Vento Levou" tornou-se um best-seller fenomenal, o que elevou a expectativa em torno do filme a proporções inimagináveis.

Percalços
A escolha do galã que viveria Rhett Butler (Clark Gable) foi relativamente rápida e indolor, mas a seleção da heroína Scarlett O'Hara permaneceu incerta até bem perto do início das filmagens. Quem ganhou o papel foi a até então desconhecida atriz britânica Vivien Leigh.
A escolha do diretor também parecia óbvia. George Cukor, parceiro de Selznick em vários projetos bem-sucedidos, era o nome ideal.
Mas o começo das filmagens sinalizava um desastre. Em dez dias, havia apenas 23 minutos de filme, sendo que dez precisavam ser refilmados. Após anos preparando o filme, Cukor e Selznick se desentenderam, e Cukor foi substituído por Victor Fleming. Mais tarde, Fleming abandonaria o set, irritado com as intervenções de Selznick, e seria substituído por Sam Wood.
Um dos melhores momentos do documentário reconstitui a primeira sessão-teste do filme, em um cinema de Riverside. A programação previa uma sessão dupla, mas, depois da comédia romântica "Hawaiian Nights", o gerente do cinema anunciou que a principal atração da noite, "Beau Geste", não seria exibida. O público protestou, mas o gerente avisou que o cinema havia sido selecionado para a primeira exibição de uma "grande produção de Hollywood". Basta o nome do filme aparecer na tela para a plateia explodir em aplausos. Nascia, ali, um dos maiores sucessos da história do cinema.


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