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DANÇA
"Graal" une erudito e popular
da Reportagem Local
"Dois bailarinos populares,
rapaz, dançando Beethoven!"
Ariano Suassuna, dramaturgo,
secretário da Cultura de Pernambuco, empolga-se com "A
Demanda do Graal Dançado",
espetáculo de dança que estréia hoje, às 21h, no teatro Arraial, em Recife.
"Eu estou é contente, rapaz.
Acho que vai dar um resultado
muito bom." O que entusiasma tanto o autor de "Auto da
Compadecida", tida como a
peça de teatro mais representada no Brasil, hoje, é a reunião
da arte popular com a erudita.
É a cruzada do movimento
Armorial, lançado por ele e
outros no início dos anos 70.
Em "A Demanda do Graal
Dançado", que tem direção,
cenário e figurinos de seu filho,
o artista plástico Dantas Suassuna, convivem um quarteto
de cordas de Beethoven com
músicas criadas por Antônio
Nóbrega e Antônio José Madureira, surgidos do próprio movimento Armorial.
Também o compositor Villa-Lobos. E Mestre Salustiano,
"aquele que toca rabeca com o
maracatu rural Piaba de Ouro". Um esforço de fusão de
música clássica e popular que
se transfere para o palco, nos
bailarinos e músicos. O próprio Mestre Salustiano está em
cena, com dois filhos, também
instrumentistas.
O quarteto de Beethoven,
que Ariano Suassuna identificou como "uma prefiguração
do frevo", é dançado por dois
bailarinos populares, um deles
Jaffles Nascimento, filho de
Nascimento do Passo, tido como o maior passista de frevo
do Estado de Pernambuco.
Completam o elenco Pedro
Salustiano, Fernanda Lisboa,
Valéria Medeiros e Maria Paula Rêgo. Antônio Nóbrega,
ator, músico e bailarino já consagrado, diz ter ficado particularmente animado "pelo fato
de Ariano estar retomando o
projeto Armorial na dança".
Nóbrega não se envolveu
muito além da composição, escolhida por Suassuna, mas viu
os ensaios e elogia a ligação da
dança popular com as três bailarinas de dança contemporânea. A coreografia é de Maria
Paula, com 16 anos de carreira,
nove deles em Paris. "Neste
espetáculo estou sendo fiel ao
que acredito que corresponda
ao meu Brasil", diz ela.
O espetáculo, que foi idealizado por Ariano Suassuna,
também responsável pela seleção das músicas, traça um paralelo entre a novela de cavalaria do século 15, que conta como 150 cavaleiros buscam um
cálice sagrado que conteria o
sangue de Jesus Cristo, e a busca dos bailarinos por uma linguagem de dança brasileira.
É a primeira ação em dança
do dramaturgo, depois da retomada do movimento Armorial, agora denominado Romançal. Nos últimos anos
Suassuna já criou um grupo de
música (Romançal) e a Trupe
Romançal de Teatro.
A Trupe Romançal encenou
no ano passado o mais recente
texto de Suassuna para teatro,
um "Romeu e Julieta" adaptado da literatura de cordel.
(NELSON DE SÁ)
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