São Paulo, Sexta-feira, 19 de Março de 1999
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THE RAGE - CARRIE 2
Filme é um abacaxi dos diabos

ANDRÉ BARCINSKI
especial para a Folha, de Nova York

Em 1976, Brian De Palma dirigiu Carrie (no Brasil, Carrie a Estranha), um filme de terror sobre uma adolescente tímida e com poderes paranormais (interpretada por Sissy Spacek) que, num acesso de fúria contra os colegas de classe, acaba destruindo a escola e matando dezenas de pessoas.
Esta semana, 23 anos depois, estreou nos EUA "The Rage - Carrie 2", de Katt Shea, diretora que começou a carreira fazendo filmes de terror para o papa do cinema B, Roger Corman.
O filme não pode ser considerado exatamente uma continuação do Carrie original, já que quase todos os personagens do primeiro filme morreram. Mas a história é basicamente a mesma: uma adolescente tímida e com poderes paranormais se vinga de um grupo de rapazes da escola, que provocaram o suicídio de sua melhor amiga.
A única personagem do filme original a reaparecer na continuação é a psicóloga Sue Snell (Amy Irving, mulher do cineasta brasileiro Bruno Barreto), que, em 1976, era a melhor amiga de Carrie e agora aconselha adolescentes.
Como um filme demora mais de duas décadas para ganhar uma sequência? No caso de Carrie, a história é simples: ninguém teria pensado em ressuscitar o "franchise" se, nos últimos dois ou três anos, diversos filmes que exploram o filão "terror para adolescentes", como "Pânico", não tivessem atraído um público enorme.
Tanto que, em vez de batizar o filme apenas de "Carrie 2", adicionou o nome "The Rage" ao título da fita. A explicação é simples: como o primeiro filme foi feito há mais de 20 anos, existem muitos jovens que não o conhecem.
A verdade é que o novo "Carrie" é um abacaxi dos diabos. O filme parece mesmo ter sido costurado às pressas só para lucrar na esteira dos "Pânicos" da vida. A estrutura é idêntica à do primeiro filme: Carrie, a menina tímida e feiosa do colégio, vive se escondendo pelos cantos, até que atrai a atenção de um bonitão da classe. Os outros alunos, maldosos como só adolescentes em filmes americanos conseguem ser, fingem aceitar Carrie, mas armam uma cilada para humilhá-la. No final, ela usa a mente para mandar tudo pelos ares.
"Carrie 2" tem efeitos especiais muito bons e algumas cenas de violência exagerada, mas deixa muito a desejar em termos de roteiro e direção.


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