São Paulo, Sexta-feira, 19 de Março de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

VIDA BANDIDA
A estatueta

VOLTAIRE DE SOUZA

É grande a expectativa. Um Oscar para o cinema brasileiro. Ródson tinha muitas razões para torcer. Trabalhava de faxineiro numa estação de trens. "A Central sou eu." No seu humilde ofício, começou a ver nobreza e dignidade. "Thank you. Thank you." O chão que ele limpava era como um espelho. Ele sorria para si mesmo. Nos seus sonhos, segurava a estatueta. Distraído, não viu o corre-corre. Nem o tiroteio. A bala perdida atingiu seu crânio. Estendido no chão, ele segurava a vassoura sobre o peito. Transformou-se numa definitiva estátua. A verdadeira glória só se conquista na eternidade.


Texto Anterior: Joyce Pascowitch
Próximo Texto: Carlos Heitor Cony: Luz e treva no espaço aberto pelo abridor de lata
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.