São Paulo, Sexta-feira, 19 de Março de 1999
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NOITE ILUSTRADA - ERIKA PALOMINO
Eu digo Ô, coitado! do DJ Laurent Garnier


MAS afinal? Por que permanece fechado o clube mais bem equipado do Brasil? Quarenta e cinco dias depois de sua interdição pelo Contru, a U-Turn espera a autorização do órgão para sua reabertura, alegadamente já resolvidos os problemas que causaram seu fechamento (obstrução de extintores, travas de portas emperradas e saídas de emergência), já com laudos de bombeiros e engenheiros. Então falta o quê? Faltam assinaturas dentro do Contru. Os proprietários da casa, Luiz Eurico Klotz e Roberto Pandiani, adotaram nova tática e passam o dia sentados no escritório do órgão municipal, esperando. Enquanto isso, os 40 funcionários da casa divulgaram anteontem manifesto pela reabertura da casa: "Se existe, e assim nos parece, uma batalha no campo da burocracia onde querelas permanecem impedindo o andamento rápido do processo de reabertura, nós funcionários, temendo por nossos empregos, exigimos uma satisfação e uma ação do governo através de seus órgãos competentes". Outros fatos que devem ser avaliados no caso: ao que consta, a associação de moradores do Itaim não vê com bons olhos a abertura de casa noturna onde antes funcionava um restaurante; os gastos por mês para pagar todos os funcionários contratados bate R$ 30 mil (vale lembrar que é uma casa noturna de primeira linha, de padrões internacionais). Uma pena, tudo isso.

Ô coitado do Laurent Garnier. Que ficou de saco cheio de tocar para aquela parede de gente de braço cruzado na frente da cabine, na B.A.S.E, sexta passada! Que nem o deixava ver o povo fervendo nem se mexia. Trainspotting (é assim que chama) tem limite! "Onde estão as pessoas?", perguntava o DJ. Eu digo: na frente, trainspotters e cybermanos. À direita da cabine, atrás da caixa, clubbers ortodoxos e ex-integrantes da Nação Hell's. Perto da piscina da direita, uma ilha de barbies sem camisa; lado a lado com ravers. Junto ao bar, o povo da falação. Nos sofás, o clã do derretimento, na noite em que um lugar para derreter valia ouro. Bolachas e patricinhas de sandália no segundo andar. Se foi bom? Eu achei maravilhoso, principalmente o recheio da noite, quando o DJ subia e descia, num som sempre melodioso e contagiante, em mixagens sempre perfeitas, depois de um começo de deep house de BPMs baixos. Mas teve gente que queria mais. E a cabine estava baixa, deixando o coitado corcunda. E ele disse para o Guilherme M. que acabou tendo que tocar mais pesado do que gostaria. Também! Com aquela parede de manos na frente! E, em minha modesta opinião, o set de drum'n'bass foi desnecessário. E Garnier deu mais autógrafos que teria dado a Tiazinha, até nas costas da blusa da Lilian Mitiko. E diz que até receber cumprimentos de DJs e do povo, ele achava que não tinha tocado bem, perfeccionista que é. Ô, coitado! E o Laurent Garnier foi fino: tocou com camisa do Hell's, uma das antigas, que poucos têm.

E Laurent Garnier chegou bem no dia do blecaute! Ô, coitado. E ainda brincaram com ele falando que era um golpe militar e que o governo tinha caído, e o dólar iria a R$ 5! E ele ainda teve que descer dez andares de escada do lugar onde estava, com somente uma vela! Ô, coitado! E em BH ele também sofreu. Mas desta vez com o calor, com a cabine que pulava e com o retorno, mais alto que seu fone. Agora, Garnier chega de Buenos Aires na quarta, quando toca no Rio, no Rock in Rio Café, ainda em conjunto com a Ellus/"On Speed". E na quinta Garnier volta para a civilização. E como disse a minha amiga Marcelona, mon edi!

E clubber que é clubber se joga no fim-de-semana! Hoje Pil Marques toca house no Lov.e (r. Pequetita, 189); depois tem dois after-hours na cidade, na Lôca (Frei Caneca, 916) e na Disco Fever (al. dos Arapanés), onde o top DJ Renato Lopes recebe Mauricio Lopes, o mais talentoso DJ de tecno do Rio. Amanhã, o convidado de George Actv no after-hours Lov.e in Paradise é o DJ TM, o Tony, vai. E depois tem o chill out Eden, de Oscar Bueno, no bar Egotrip, em Pinheiros, com Mr. Gil, Julio e George Actv.

E hoje tem também a inauguração da B.A.S.E/Diesel. E como é que é o nome disso? Bom, é a versão gay da casa, que agora recebe o clã de Sergio Kalil (ex-Mad Queen) e absorve Cesar Semensato. É o que importa.

E diz que sábado passado Flavinha Ceccato recebeu convidado ilustre no Lov.e: Caetano Veloso. A sala supervip nem abriu.

E tem mais uma edição do Oscar do Gourmet, onde você pode ou não ir fantasiado tipo Hollywood para assistir à transmissão pela TV. E alguém consegue calar a boca pra ouvir? A festa já está virando um clássico da noite.

E é o brasileiro Cacá de Souza quem cuida pessoalmente da roupa de Fernanda Montenegro no Oscar, dentro da poderosa Maison Valentino.

ACABOU a W<. A sensacional marca do estilista belga Walter van Beirendonck será comercializada apenas na Ásia (!!!) e não terá mais feminino. É que o Walt vai se dedicar agora à uma marca principal que leva seu nome, já comercializada em sua loja na Bélgica. E como é que a gente vai fazer modelo agora!!! Eu digo tô passada!

ALTA concentração de modernos na Escola Panamericana de Arte da Angélica (tipo Beaubourg, né?) e da Groenlândia. É lá que estão os trabalhos premiados da Art Directors de NY, entre eles o material do Prodigy para a "Rolling Stone", mais os brasileiros "Pequeno Manual dos Sentidos", da Zoomp, e o "Pra que Serve a Moda", da "Trip".

E em meio a muitos babados internos e externos, acontece terça, quarta e quinta a quinta e mais enrolada edição da Semana de Moda, que mostra a nova produção de 14 marcas de São Paulo. Claro que vale a pena! Enquanto Carla Fincato estréia fazendo masculino, Jum Nakao estréia com feminino; Mareu Nitschke (ex-Zapping) estréia marca com seu nome com styling de Alê Breve; Otto desfila para Eduardo Ferreira; Igor Cavalera toca no desfile da Cavalera em si; Caio Gobbi orna com jóias de Antonio Bernardo suas divas latinas. Lorenzo Merlino, de ótimo humor este ano faz sua mais esperada coleção, com styling de Chiara Gadaletta. A festa da Chivas depois do desfile de Lolô, na quinta, também está sendo esperada!!!

E o espírito raver foi por água abaixo, na semana passada, com atos de vandalismo explícito com alguns carros estacionados.

E por falar em "On Speed", descobriu-se um caso no mínimo exótico em Goiânia. A revista "Glam", lançada em dezembro/janeiro, autodenomina-se "magazine de luxo" como a "Speed". Tem o mesmo tamanho, diagramação parecidíssima, para não dizer idêntica, e em seu editorial usa textualmente frases já contidas na "Speed": "vincula produtos com arte, com ações beneficentes, o que for. A ciranda não pode parar". Por incrível que pareça, o plágio explícito goiano tem mais anunciantes que a original! Coisa feia. Eu indico desde já como truque do ano.

E o escritório central de Tommy Hilfiger avisa que é 100% mentira a fofoca que anda rolando na Internet, que o estilista foi ao programa da Ophrah, chochando minorias raciais. Simplesmente porque Hilfiger nunca foi ao programa da meiga e porque obviamente ele é o mais politicamente correto. A flagstore da Oscar Freire da marca tem data de abertura para setembro, com megafesta comandada por Jeff Neale e Cacá Ribeiro.

E já que São Paulo agora se interessa por house, vale a pena saber que terminou anteontem a 14ª edição do Winter Music Conference, o mais importante encontro de dance music do mundo, em Miami, que reuniu 4.500 pessoas, entre DJs, executivos de gravadora, produtores e jornalistas, em festas e debates. O evento lança tendências para o ano inteiro e determina as músicas que vão fazer pistas no mundo todo. Informação de insider que nem eu acredito que eu consegui: a música do evento deste ano é "You Got What I Need", do Power House. Anote o nome e espere chegar.

E-mail: palomino@uol.com.br

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