São Paulo, Sexta-feira, 19 de Março de 1999
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RESTAURANTE - CRÍTICA
Picuí Grill evoca os sabores do sertão da Paraíba

JOSIMAR MELO
especial para a Folha

Na hora de garimpar as raras especialidades brasileiras nos restaurantes de São Paulo, convém lembrar a presença da carne-de-sol. Ela aparece em alguns restaurantes de cozinha nordestina, mescladas a outros pratos típicos, mas também em casas onde são a principal atração -como acontece, entre outros locais da cidade, no novo Picuí Grill.
Na Paraíba, a carne-de-sol é estrela absoluta de um bom número de restaurantes; vários deles adotam a palavra picuí no título, mas não como referência à ave brasileira, e sim à cidade paraibana onde a iguaria é um orgulho local.
No Picuí Grill, em Indianópolis, dois dos proprietários vêm efetivamente daquela cidade (Francisco Paulino, 49, e seu filho José Paulino, 25, sócios do paulista Neder Risek, 57, proprietário do bufê Panela de Ferro). Outros ingredientes são igualmente importados da fonte, mas não o principal deles: a carne-de-sol -carne bovina salgada e deixada curtir em varais (que originalmente ficavam ao relento, ao sol)- é confeccionada no próprio restaurante.
Comer carne-de-sol implica entregar-se a um pequeno banquete (e a preços muito módicos: a porção "para uma pessoa" dá para duas e custa R$ 8,25). No centro está a própria carne que, mandamento número um, deve ser preparada na grelha mesmo, não na chapa -o que o Picuí Grill faz com galhardia, sobre fogo de carvão. A mesma churrasqueira, aliás, em que prepara o queijo de coalho, "importado" da Paraíba, mas que infelizmente chega um pouco frio à mesa, já enrijecendo -peça pra trazê-lo ainda bem quente.
Bem curtida e bem grelhada, a carne experimentada veio macia e suculenta, coisa rara. Ao seu lado, além da garrafa de manteiga líquida, a infinidade de potinhos que compõem o ritual: num deles o feijão verde é inundado de folhas de coentro, mais que o necessário; em outro vem a paçoca, razoavelmente úmida; mais adiante, o pirão de queijo, um creme fumegante e denso; ao lado, um purê de mandioca, leve; além da mandioca frita, da farofinha e do arroz branco.
A carne-de-sol do Picuí, confeccionada com a supervisão direta, na cozinha, do sócio Francisco, evoca honestamente os sabores do sertão da Paraíba -pontuados pelo sincretismo do ruído dos jatos que passam em vôo quase rasante.

Restaurante: Picuí Grill Cotação: regular / $
Onde: av. das Carinás, 520 (Indianópolis, zona sul), tel. 011/542-6423
Quando: seg a sáb, 11h30/16h e 18h/24h; dom, 11h30/19h
Serviço: só um simpático garçom
Cozinha: nordestina, farta carne-de-sol
Quanto: massas, R$ 7,55 a R$ 11,35; pescados, R$ 13,95 a R$ 19,95; carnes e aves, R$ 8,25 a R$ 21,95 (para três pessoas)



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