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SALÃO DO LIVRO DE PARIS
Portugal será o próximo homenageado
Cidade canadense de Quebec é convidada
BETTY MILAN
especial para a Folha
O Salão do Livro de Paris - a
maior manifestação cultural européia aberta ao grande público
- teve como convidado de hon-
ra em 1998 o Brasil.
Começa hoje recebendo Québec para "tornar conhecida uma
literatura francófona que não
confunde americanidade com
americanização.
Acolherá mais de 200 mil visitantes na Porta de Versalhes.
Trata-se simultaneamente de
uma festa e de um lugar de
aprendizado, graças a 15 espaços
temáticos que, do desenho animado ao teatro, são consagrados
ao livro sob todas as formas.
Tendo prestigiado a literatura
brasileira em 1998, o Salão do Livro de Paris terá Portugal como
convidado de honra no ano
2000, dando continuidade à difusão na Europa da cultura de
língua portuguesa e participando das comemorações internacionais do descobrimento.
Segue a entrevista concedida
por Nuno Judice, adido cultural
de Portugal na França, e por Jean
Sarzana, delegado geral do Sindicato Nacional dos Editores.
Folha - O que significou o Brasil
ter sido o convidado em 1998?
Nuno Judice - A presença do
Brasil foi decisiva para que Portugal participasse, pela primeira
vez, no Salão do Livro com um
estande da Fundação Gulbenkian e um outro coordenado pelo Instituto Camões de Paris. A
qualidade da participação brasileira, tanto no que diz respeito à
presença de escritores quanto à
exposição de livros, foi um estímulo para que o meu país se
apercebesse da importância do
evento.
Jean Sarzana - O Brasil foi convidado em 1998 porque a política
do Salão do Livro de Paris é a de
difundir literaturas pouco conhecidas na França. É preciso dizer que para muitos franceses, a
imagem do Brasil não estava associada à literatura e, depois do
Salão, já não é assim.
Folha - Por que Portugal foi o
país escolhido para o ano 2000?
Judice - A decisão é dos organizadores do Salão. Pense, no entanto, que o convite esteja ligado
a uma conjuntura particularmente feliz: o sucesso da Expo
98, em Lisboa e a atribuição do
Nobel a José Saramago. Por outro lado, a literatura portuguesa
adquiriu, nos últimos anos, um
número suficientemente importante de traduções para poder
ser apresentada na multiplicidade das suas expressões: romance
poesia e ensaio.
Sarzana - A escolha do país
convidado pelo Salão do Livro é
sempre um resultado dos contextos e das conjunturas. Escolhemos Portugal porque a literatura portuguesa ainda não é
muito conhecida pelos franceses
e por termos muitos lusófonos
na França. Além disso, o prêmio
Saramago acelerou as coisas.
Folha - O que explica a presença crescente da cultura lusófona
na Europa?
Judice - Trata-se de uma realidade dos últimos anos, também
devida a traduções de autores
como o moçambicano Mia Couto, o angolano José Luandino
Vieira, o cabo-verdiano Germano de Almeida, entre outros. Julgo que a melhor forma de defender a lusofonia é mostrar as diferenças culturais e literárias que
uma mesma língua permite, nos
diferentes países que a utilizam.
Sarzana - A presença crescente
da cultura lusófona na Europa
talvez se deva ao fato de estarmos um pouco cansados da cultura de língua inglesa. Talvez faça parte de uma estratégia de resistência em relação aos Estados
Unidos.
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