São Paulo, sábado, 19 de abril de 1997.

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TRECHO
``Passa-se da personagem mitológica de Laocoonte, tal como esculpida no mármore clássico, para a personalidade histórica de Ugolino, tal como tratada poeticamente por Dante na `Divina Comédia', mas numa mesma direção, seguindo a indicação dos gestos de desespero: a do trágico da condição humana, de que o cacto em sua gesticulante imobilidade é, no reino da natureza, um símbolo vivo, como se nele de algum modo se pudesse revelar no mais fundo, em total despojamento, o fundamento natural de nossa própria tragédia.
Natureza física e natureza humana se juntam assim na unicidade do símbolo -o cacto-, portador imóvel dos gestos de desespero em que se presentifica escultoricamente, como na eternidade congelada da pedra, nossa dor.''
Extraído de ``O Cacto e as Ruínas'', de Davi Arrigucci Jr.
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