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MÚSICA/FESTIVAIS
Negócio da China
Divulgação
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O duo franco-chinês Technasia, que faz show em São Paulo na manhã de domingo, no Skol Beats |
TECHNASIA SE APRESENTA NO SKOL BEATS, AMANHÃ
CLAUDIA ASSEF
DA REPORTAGEM LOCAL
Quando o megahit "Force" tocar, na manhã do próximo domingo, no autódromo de Interlagos, a dupla franco-chinesa Technasia deverá atrair milhares de fãs
de música eletrônica -exaustos- de volta para a pista.
Technasia é a penúltima atração
do palco de apresentações ao vivo
do Skol Beats, maratona eletrônica que começa às 16h de sábado e
só deve terminar no final da manhã de domingo.
Com "Force", o Technasia entrou nos cases de boa parte dos
DJs de house e de tecno do planeta. Além de lançar singles envolventes, Charles Siegling, o francês,
e Amil Khan, de Hong Kong, ainda tocam o bem-sucedido selo
Technasia, especializado em música eletrônica produzida na Ásia.
Quer saber um pouco sobre como será a apresentação da dupla
em São Paulo? Leia, então, a entrevista que Siegling concedeu à
Folha, de Paris.
Folha - Você e Amil Khan se conheceram em Hong Kong num
evento de música eletrônica, não?
Como formaram o Technasia?
Charles Siegling - Conheci Amil
há seis anos em Hong Kong. Um
ano depois, ele veio a Paris, onde
eu moro, para terminar seus estudos. Naquele momento, percebemos que tínhamos em comum
uma paixão pelo mesmo tipo de
música. Nos tornamos bons amigos e resolvemos montar uma
gravadora e fazer músicas juntos.
Naquela época não havia uma cena em Hong Kong nem no sudeste asiático. Achamos que seria um
desafio abrir um negócio desses
com sede em Hong Kong. Em
1997, lançamos nosso primeiro álbum, "Themes from a Neon
City", que foi mais tarde eleito
disco do ano por DJs como Laurent Garnier e Dave Clarke.
Folha - Vocês ainda têm um programa de rádio?
Siegling - Tive durante quatro
anos um programa de música eletrônica que ia ao ar em várias cidades da China. Chegamos a calcular quase 80 milhões de ouvintes potenciais. O programa se
chamava "Future Mix", e eu o
conduzia com um DJ local, chamado Michael Nee. Era um programa bilíngue, em inglês e chinês. Agora o programa está fora
do ar porque tenho estado muito
ocupado com o Technasia. Mas
foi uma experiência única tentar
ensinar ouvintes chineses sobre
música eletrônica. Acabei aprendendo muito com eles também.
Folha - Quando exatamente vocês abriram a gravadora?
Siegling - Em 1997, em Paris.
Amil e eu estávamos num dilema:
queríamos abrir um "business",
mas não queríamos simplesmente montar mais um daqueles selos
de tecno. Pensamos muito no assunto e resolvemos fazer a base
em Hong Kong, não na Europa.
Foi muito mais fácil criar nosso
próprio universo musical assim.
Em Hong Kong, nossa única
preocupação era encontrar pessoas legais para lançar, sem nenhum compromisso com venda,
cena ou grupinhos.
Folha - E como é a cena eletrônica
hoje na Ásia?
Siegling - Desafiadora, porém
cansativa. Desde que o Amil voltou a Hong Kong, há cinco anos,
ele vem tentando organizar eventos, promover artistas... Mas nem
sempre é uma experiência muito
gratificante. Os garotos do Ocidente têm referências porque esse
tipo de música sempre fez parte
de suas vidas. Na Ásia, as pessoas
nunca tiveram uma relação próxima com a música eletrônica. Então, a cena existe, está começando, mas cresce com muita dificuldade. As pessoas se preocupam
mais se o DJ é famoso do que se
sua música é boa. O país líder na
Ásia em termos de música eletrônica é sem dúvida o Japão, que
tem artistas revolucionários, como Ken Ishii, Takkyu Ishino e Fumiya Tanaka. Ao mesmo tempo,
há lugares como Taiwan e Cingapura, onde algumas pessoas querem que a cena se desenvolva mas
têm de lidar com a ignorância do
grande público. E há Hong Kong,
China, Malásia, onde ocasionalmente rolam boas festas, mas não
existe uma cena local.
Folha - Vocês estouraram com a
música "Force". Como foi a produção do CD "Future Mix"?
Siegling - Em 2001, resolvemos
fazer um último revival do programa "Future Mix". Pensamos
em gravar um álbum como se fosse o programa de rádio. O Michael Nee, meu parceiro de programa, fez locução no disco, colocamos até alguns comerciais de
mentira no meio. O disco foi um
sucesso no Japão, onde entrou direto no top 20, na Bélgica, na Alemanha, na França...
Folha - Como vocês produzem
morando em países diferentes?
Siegling - Começamos produzindo em Paris, quando Amil morava lá. Mas logo ele se mudou, e
começamos a alternar viagens ou
mesmo a produzir cada um na
sua própria casa, pela internet.
Com o tempo, o selo passou a
consumir muito tempo. Então,
hoje o Amil toma mais conta da
administração do selo, da promoção de artista etc... Fico mais com
a produção das músicas e com
aparições em público, como DJ.
Folha - No Brasil, vocês se apresentarão ao vivo. Como é o live PA?
Siegling - A performance ao vivo
dá um trabalho enorme. E hoje
não temos mais tanto tempo para
prepará-la. Por isso, temos feito
poucas -nos concentramos
mais nas discotecagens.
Folha - O que esperam do Brasil?
Siegling - Estive no Brasil no ano
passado e toquei no Rio, em São
Paulo, em Belo Horizonte e em
Campo Grande, em festas organizadas pelo meu amigo Anderson
Noise. Algumas noites tiveram
também o Renato Cohen, que é
um artista muito promissor. Fiquei bastante surpreso de ver a cena eletrônica no Brasil, que parece
estar cada vez mais forte e grande.
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