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Photek mostra
o drum'n'bass "paranóico"
DA REDAÇÃO
Se o drum'n'bass fosse um filme, Photek seria David Lynch.
Esse britânico, de nome Rupert
Parkes, é um estranho nos toca-discos do Skol Beats. Está escalado para atuar na mesma tenda de
Marky, Andy e Roni Size porque
não haveria outro local para ele.
Photek toca d'n'b. Mas também
não toca. Para classificá-lo, a imprensa britânica batizou sua música de "drum'n'bass paranóico".
"Não concordo. As pessoas pegam certos elementos das músicas e acham que isso define um
artista. Meu último álbum era
bem sociável. Definitivamente
nada paranóico", diz à Folha.
O problema surgiu com o primeiro álbum, "Modus Operandi", em 1997. Era um disco que limava as batidas pesadas e quebradas do d'n'b para dar espaço a
timbres sombrios, lineares, espaciais. Foi comparado a Aphex
Twin (porque o que este fez com a
eletrônica e com o rock não o habilitam a ser chamado de artista
"eletrônico" ou "roqueiro").
Fascinado por cinema e seriados de TV, Photek seguiu produzindo músicas para trilhas ("Platinum", "Animatrix" etc). Em
2000, surpreendeu de novo. Lançou "Solaris", um disco de (na falta de uma classificação adequada)
house. "Alguns ficaram decepcionados. Diziam: "É uma pena, somente metade do CD é d'n'b".
Não! Apenas uma faixa é d'n'b!"
Photek começou a produzir em
1992. Estava presente na explosão
da acid house na Inglaterra, frequentava clubes e festas onde se
tocavam tecno e house. Mas começou a pensar em criar suas
próprias músicas quando deixou
de encontrar coisas interessantes
no meio. "Queria criar músicas
que eu realmente gostaria de ouvir em um clube. Não conhecia
ninguém que fazia música, então
comprei um teclado, um sampler
e desapareci por um ano e meio.
Aprendendo a fazer a música que
eu queria ouvir."
Com toda a sua singularidade,
Photek faz questão de afirmar sua
paixão pelo drum'n'bass brasileiro. "Marky é impressionante. Ele
tem carisma, é muito bom de ver.
Os brasileiros inspiraram os DJs
na Inglaterra a tentarem ser mais
carismáticos, a se apresentarem
mais como performers."
Em seus sets, Photek toca cerca
de 50% a 75% de músicas feitas
por ele. O resto são de artistas de
sua gravadora, a Photek Productions, como Teebee e DJ Crystl.
"Há muitos DJs por aí, então tento trazer algo único, não convencional, que tenha personalidade.
As pessoas que me vêem tocar
não encontrarão essas músicas
em nenhum outro lugar." É mais
ou menos isso. A música de Photek é única.
(TN)
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