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Comentário
Em trilha própria, ela compõe e resiste a rótulos
MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
DA REPORTAGEM LOCAL
Não é só a delicadeza intimista do passarinho,
o canto límpido envolto em arranjos concisos numa
atmosfera de calma e melancolia. Não é só mais uma entre as
muitas jovens cantoras paulistas que nos últimos anos vêm
recobrindo com talento e promessas um arco de estilos que
vai do "new folk" da garota Mallu Magalhães ao velho samba
da "veterana" Maria Rita.
Algo assim já seria bom, mas
Tiê é diferente. Resiste às classificações. Não se encaixa nos
rótulos inventados pela crítica
na tentativa de dividir o terreno
com cercas antigas: ela não é
nem do samba nem dos "modernos", para citar essa distinção recentemente endossada
em entrevistas por Mariana
Aydar, que mais obscurece do
que esclarece alguma coisa.
Tiê passeia por sua própria
trilha e, além de uma doçura de
cantora, é compositora que merece atenção.
Ouça a sofisticada simplicidade poética das letras, que parecem fáceis. Seus tijolos não
são dicionários de rimas -e
não se vê o esforço intelectualista, a soar postiço ou arestoso,
como muitas vezes por aí. Elas
fluem intimistas e joviais em
achados como "me perdoa, me
desculpa que eu não fui sua namorada, pois fiquei atordoada,
faltou ar, faltou ar".
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