São Paulo, Quarta-feira, 19 de Maio de 1999
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CINEMA
"Star Wars: Episódio 1 - A Ameaça Fantasma", de George Lucas, o filme mais esperado do ano, estréia nos EUA
É hoje o dia; no Brasil, só daqui a 36

Divulgação
Liam Neeson, Ewan McGregor e Jake Lloyd em "Star Wars - Episódio 1"


SÉRGIO DÁVILA
enviado especial a Nova York

O ator Charlton Heston interpretará Moisés no "Episódio 2", o próximo filme da saga "Star Wars". Este é apenas mais um dos boatos absurdos que povoam a Internet a respeito da saga "Star Wars", cujo "Episódio 1 - A Ameaça Fantasma" estréia hoje nos Estados Unidos.
Nunca um filme foi tão aguardado e teve tantas informações -desencontradas ou não- pululando pela rede mundial como este.
"O incrível não é a Internet trazer tanta bobagem, inacreditável mesmo é que a imprensa séria publica as mentiras, que dão margem a mais mentiras", disse o diretor George Lucas em entrevista da qual participou a Folha.
Não é mentira. Segundo o programa de busca Altavista, 236.489 sites tratam de "Star Wars" na Internet. É mais de três vezes o total de Michael Jackson (71.706 sites) e quase um terço de Beatles (783.570 sites), que disseram que eram mais famosos que Jesus Cristo (3.538.150 sites). Só no Brasil, são 780 endereços.
Explica-se. É o primeiro filme da saga em 16 anos, é a volta de George Lucas à direção, é a obra inédita de US$ 115 milhões do homem que mudou o cinema mundial com seus efeitos especiais.
Só quando as filas gigantes dos cinemas começarem a andar logo mais é que os fãs que esperam por este momento há semanas na calçada confirmarão ou descartarão os milhares de rumores que ouviram, leram ou espalharam.
A história (se é que você ainda não conhece):
* o "Episódio 1", chamado de "prequel", se passa 30 anos antes de "Guerra nas Estrelas", o episódio 4 de uma saga de 9 (depois, viriam "O Império Contra-Ataca" e "O Retorno de Jedi"; George Lucas desistiu de fazer os três últimos e deve dirigir os episódios 2, "mais romântico", e 3, "mais pesado", nos próximos anos);
* Anakin Skywalker (Jake Lloyd) é iniciado na arte jedi por Qui-Gon Jinn (Liam Neeson) e seu pupilo, Obi-Wan Kenobi (Ewan McGregor, que nos filmes anteriores/episódios seguintes foi interpretado por Alec Guiness); no futuro, virará o terrível Darth Vader;
* Os dois cavaleiros começam o filme tirando a princesa Amidala (Natalie Portman) do planeta Naboo, levando-a ao planeta Tatooine, onde ela conhece Anakin (no futuro, eles se casarão e terão os gêmeos Luke e Leia).
* Então...
Então nada. Se você já quiser ir fazendo bonito nas conversas que devem durar até a estréia do filme no Brasil, em 24 de junho, a Folha dá algumas dicas de como fingir que já assistiu ao "Episódio 1" (nós assistimos):
* diga que o melhor do filme é a corrida no planeta Tatooine, entre Anakin e um extraterrestre;
* fale que a participação de Samuel L. Jackson e de Frank Oz (como Yoda) são pequenas;
* ensine que o nome Qui-Gon Jinn não quer dizer rigorosamente nada e que a palavra "jedi" vem da expressão japonesa "jidai-geki", ou "drama de época", e se refere a uma novela de TV de sucesso nos anos 70 no Japão;
* estrague o prazer afirmando que, na verdade, desde o dia 3 o roteiro do "Episódio 1" inteiro está à venda em qualquer livraria dos EUA (e na virtual www.amazon.com, entre outras). É daí que todos os sites que dizem ter visto o filme tiram as informações;
* repita: a única coisa certa do "Episódio 2" é que só Ewan McGregor já renovou contrato, conforme disse à Folha.
Por fim, leia, a seguir, as principais respostas da entrevista que George Lucas concedeu a alguns jornalistas do mundo inteiro em Nova York, da qual a Folha participou:

IMPRENSA - "Primeiro, não acredite em nada do que você lê na imprensa. Principalmente na (revista americana) "Variety" (risos)".

INTERNET - "Neste exato momento, muito do que você lê na Internet sobre "Star Wars" simplesmente não é verdadeiro. O problema é que a grande imprensa leva a sério estes rumores e os publica".

TECNOLOGIA DIGITAL - "Rodamos metade do "Episódio 1" com câmeras digitais. Os dois próximos serão totalmente digitais. Prevejo um efeito tão grande da tecnologia digital sobre o cinema quanto teve o som sobre o cinema mudo e a cor sobre o p&b".

SOBRE ELE TER DESTRUÍDO O CINEMA DE CONTEÚDO - "Dizem que eu e Steven Spielberg inventamos o blockbuster e acabamos com o bom cinema americano, mas isso é bobagem. Quando fiz "Star Wars", 11% dos filmes eram "popcorn movies" e não havia nenhum filme independente sendo feito. Vinte anos depois, os "popcorn" representam os mesmos 11%, mas 25% dos filmes são produções independentes. Eis a diferença. Sou um cineasta independente e creio que "Star Wars" influiu para que isso acontecesse".

MASSACRE DE LITTLETON E VIOLÊNCIA DOS FILMES - "Um filme tem mais impacto nas pessoas do que um bate-papo entre amigos. É leviano usar a violência descontextualizada, mas o massacre teve mais a ver com falta de inteligência emocional, que não é mais ensinada aos jovens".

VILÕES - "Às vezes eles parecem mais legais, mas isso está na cabeça de quem vê. Você aprende no curso de teatro é que sua peça é tão boa quanto seu vilão. Infelizmente, o herói tem um código de conduta mais rígido".

INSPIRAÇÃO - "Você começa a juntar coisas de que gosta e conta uma história. Nesta, estava interessado em mitologia, então criei um mito moderno. As pessoas me perguntam qual personagem sou eu. Todos".



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