|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
O MUNDO DE BACO
Gaúchos desenvolvem novo pólo vitivinícolo
JORGE CARRARA
COLUNISTA DA FOLHA
Buscando um bom equilíbrio custo-qualidade, a indústria vitivinícola do Rio Grande do Sul está expandindo seus vinhedos fora da Serra Gaúcha, seu
reduto tradicional.
A Chandon, braço tupiniquim
da casa francesa Moët-Chandon,
implantou no ano 2000 40 hectares de vinhedos, em Encruzilhada
do Sul, região localizada entre
Porto Alegre e a fronteira com o
Uruguai, a cerca de 250 quilômetros ao sul de Garibaldi, base da
empresa.
Para Philippe Mével, enólogo da
Chandon, os custos da terra na
serra alcançaram níveis assustadores (R$ 100 mil por hectare contra R$ 3.000 em Encruzilhada).
Quanto ao clima, o terreno aberto
da região permite uma boa ventilação das parreiras (o que ajudaria na qualidade da fruta). "Mas
ainda é preciso avaliar os resultados", diz Mével.
Custo também foi um dos pontos considerados por João Valduga, da Casa Valduga, para investir
em Encruzilhada. A casa do Vale
dos Vinhedos comprou lá cem
hectares, 40 dos quais já com videiras. Valduga, porém, mostra
expectativas com a qualidade. "A
região deve dar vinhos (tintos)
com mais cor e estrutura (que os
da serra)", arrisca.
A Angheben é outra vinícola
com vinhedos naquelas bandas.
Eduardo Angheben também diz
crer que a região é uma boa área
para tintos por oferecer "mais
dias limpos [as chuvas no verão
costumam ser um problema na
serra], permitindo maturação
mais adequada das uvas".
A Salton e a Miolo possuem
igualmente projetos no Sul do Estado, mas na região de Bagé. A
Salton tem uma parceria com a
Associação Bageense de Fruticultores. Vinte e oito dos seus associados já plantaram 165 hectares
de vinhedos. A Salton fornece
mudas e materiais, um investimento, segundo Ângelo Salton,
um dos donos da adega, de cerca
de US$ 10 mil por hectare.
A Miolo adquiriu por lá a Fortaleza do Seibal, propriedade de
1.800 hectares, cem dos quais já
com vinhas. Fabio Miolo, membro da família proprietária, diz esperar que cerca de 5 milhões de
garrafas surjam de Fortaleza até o
fim da década, ajudando a empresa a chegar à marca de 15 milhões
de garrafas/ano, 20% delas dedicadas ao mercado internacional.
Texto Anterior: Gastronomia: "Gastrorromance" sempre existiu, afirma autora Próximo Texto: Música: Especial revive efervescência do Zicartola Índice
|