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Acadêmicos não se lembram dos outros indicados
DE SÃO PAULO
Colega do presidente da
ABL, Marcos Vinícios Vilaça,
na Academia Pernambucana
de Letras ("Tive a honra de
ter o voto dele"), o médico
Milton Lins, 82, é um tradutor tardio. Começou aos 71
anos. Usa a aposentadoria
para exercer a paixão, e já
publicou, em edições de autor, dez livros com traduções.
Questionado sobre os erros, disse: "É possível que eu
tenha feito algumas variações. Mas não fui eu quem
me premiei. Se eu fosse julgar, não me premiaria".
Ele foi indicado pelo imortal Ivan Junqueira, que integrou, com Carlos Nejar e Evanildo Bechara, a comissão
responsável pelo prêmio.
Nem Junqueira nem Nejar
souberam dizer de pronto
quais foram os outros indicados ao prêmio -ambos disseram não lembrar.
Num segundo contato,
Junqueira afirmou que no
primeiro telefonema tivera
"um branco". "Mas agora
lembro. Pensamos em Rosa
Freire d'Aguiar, descartamos
porque é viúva de Celso Furtado [que foi acadêmico]; em
Leonardo Fróes, mas ele já
ganhou; e em Paulo Henriques Britto, mas no ano anterior ele não tinha publicado
[pré-requisito]".
Junqueira, que disse nunca ter visto Lins (o tradutor
contou que se encontraram
algumas vezes), defendeu a
premiação. "Quisemos tirar
um pouco o prêmio do eixo
Rio-SP. É injusto se fixar nos
poucos erros em vez de nos
muitos acertos."
Cogitou que possa ter havido "erro de impressão, gralha". "Isso não invalida o trabalho de uma vida inteira.
São décadas de trabalho."
Informado de que Lins é
um tradutor tardio, disse:
"Pela quantidade de coisa
que ele traduziu, eu imaginava que fosse mais tempo".
A reportagem solicitou entrevista com Vilaça, mas a assessoria da ABL disse que,
por estar em recuperação de
um acidente, ele não falaria.
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