São Paulo, sexta, 19 de junho de 1998

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Artistas preparam a terra para a Bienal


De cerâmica a instalações, A Bienal do Barro, que acontece em setembro em São Paulo, reúne obras que têm a terra como matéria-prima


BRUNO GARCEZ
da Reportagem Local

A terra como elemento de união entre as três Américas. É essa a proposta da Bienal do Barro, evento que será mostrado pela primeira vez no Brasil em setembro, no Memorial da América Latina, em São Paulo.
A mostra foi criada pelo curador venezuelano Roberto Guevara, em 92, como uma contraposição aos festejos oficiais do quinto centenário do Descobrimento da América.
O propósito da bienal foi unir artistas de todo o continente americano que usassem a terra como matéria-prima em seus trabalhos, abrangendo meios que iam desde a cerâmica e a arquitetura até instalações e obras conceituais.
A edição brasileira da Bienal do Barro será uma versão complementar da 3ª edição da mostra, que acontece na Venezuela desde maio e se estenderá até agosto.
Os brasileiros que exibem obras na Bienal deste ano são Cildo Meirelles, Lygia Reinach -única artista nacional presente às três bienais realizadas-, Laura Vinci, Ernesto Neto, Maria Bonomi, Nelson Felix, José Rufino, José Spaniol, Nazareth Pacheco, Carlos Fajardo e o grupo ABCTerra. Em julho, se apresentarão os brasileiros Richard de Seabre e Andrea Jabor.
A edição brasileira da bienal trará apenas artistas do Brasil e da Venezuela. Os Estados Unidos, país homenageado na bienal venezuelana deste ano, assim como outros países que participam da mostra, como Canadá, México, Chile, Argentina, México e Colômbia, ficarão de fora.
Segundo Fabio Magalhães, diretor-presidente do Memorial da América Latina e curador do segmento brasileiro da bienal, o Memorial não detinha verba suficiente para trazer todos os participantes da mostra venezuelana.
De acordo com Magalhães, o Memorial arcará com os custos das passagens e das hospedagens dos participantes venezuelanos. Além disso, cada artista, brasileiro ou venezuelano, terá um orçamento de R$ 10 mil.
Dos brasileiros que integram o elenco da mostra venezuelana não participarão Richard de Seabre e Andrea Jabor. Rubens Matuck, que não se apresenta na Venezuela, tomará parte do segmento brasileiro da mostra.
Uma das características da Bienal do Barro é que os artistas criam os trabalhos no local da exposição. A exceção é Cildo Meirelles, que não foi à Venezuela, mas enviou assistentes para a montagem da instalação "O Fio", apresentada no país.
Em princípio, os artistas deverão exibir variações dos trabalhos que expuseram na Venezuela, mas, como as obras são criados no local, podem haver mudanças.
Lygia Reinach, que se apresentou em maio no Museu de Arte Contemporânea de Caracas Sofía Imber, deverá recriar a sua instalação "Grafismo", que trazia fontes de água enterradas em um platô revestido de terra.
O artista José Spaniol, que compôs um ringue de boxe coberto de lama e entremeado de livros na instalação por ele apresentada no Centro de Artes de Maracaibo, deverá realizar uma versão modificada da obra na bienal brasileira.
Entre os destaques venezuelanos, estão Miguel Sucre e Mercedes González, que devem repetir a instalação que fizeram juntos na Venezuela. Na obra, que ocupava uma sala do Museu Sofía Imber, os artistas criaram um jardim do Éden às avessas, cujo solo é coberto por folhas secas e onde peças de isopor são misturadas com plantas mortas criando um cenário árido. A bienal acontece entre 15 de setembro e 25 de outubro.



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