São Paulo, sexta, 19 de junho de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

BIENAL DO BARRO
Cresce a participação brasileira no evento

da Reportagem Local

A participação de artistas brasileiros na Bienal do Barro venezuelana tem acompanhado o crescimento da mostra.
Em sua primeira edição, que aconteceu em uma única sede, o Museu de Arte Contemporânea de Caracas Sofía Imber, trouxe apenas três participantes brasileiros: Florian Raiss, Carmem Gusmão e Lygia Reinach.
A segunda Bienal do Barro, que aconteceu entre 95 e 96, teve o Brasil como país homenageado.
Nessa edição, o número de brasileiros participantes foi ampliado. Tomaram parte da mostra os artistas Francisco Brennand, Celeida Tostes, Manfredo de Souzanetto, Carmela Gross, Ana Maria Maiolino, Mauricio Ruiz, Lygia Reinach e Tunga.
Segundo a artista Maria Bonomi, que participou do evento este ano, foi a bienal "mais comovente" da qual ela já tomou parte.
"É uma bienal totalmente autônoma, que não visa o marketing. É uma mostra auto-indagadora", diz Bonomi.
A artista apresentou na Venezuela o trabalho "Sete Horizontes da Essência do Homem", que, segundo ela, é uma grande celebração ao homem em sua essência.
A obra trazia camadas superpostas de argila, areia, carvão e vidro. De acordo com a artista, o vidro representa o espiritual, a argila simboliza o fruto da terra e o cimento é o resultado do conhecimento, da interferência do homem sobre a natureza.
José Rufino exibiu o fruto de suas pesquisas no sertão paraibano. A obra consistia em 21 gravuras retratando lagos secos do sertão, que circundavam tamboretes criados a partir de materiais recolhidos nos lagos secos, como raízes, sementes e pedaços de madeira carbonizados.
A artista Nazareth Pacheco, que costuma se inspirar em temas como memória e identidade, criou um quarto fechado por uma porta de vidro de onde se avistam a foto de uma casa de farinha na Amazônia e uma sala cujo chão é coberto por trigo. A obra evoca a memória da cultura da farinha na região amazônica.
Segundo a artista, os brasileiros se destacaram em relação aos demais participantes. "Enquanto outros preferem se deter sobre o significado de suas obras, os artistas nacionais se preocupam com questões contemporâneas", diz. (BRUNO GARCEZ)


Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.