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ACONTECE NO RIO
Público viaja no tempo na pop "Time Rocker"
RONI LIMA
da Sucursal do Rio
Ópera que uniu a música do
poeta underground de Nova York
Lou Reed e a estética teatral contemporânea do badalado diretor
norte-americano Bob Wilson,
"Time Rocker" é a grande atração cultural deste final de semana
no Rio.
Por quatro dias, de hoje a segunda, no Teatro Municipal, os espectadores poderão conferir o último
trabalho da trilogia montada por
Bob Wilson com a companhia alemã Thalia Theater, de Hamburgo.
Ícone de Nova York desde que
formou a lendária banda The Velvet Underground, em plena efervescência da pop art, nos anos 60,
Lou Reed compôs 16 músicas para
"Time Rocker" ao ler "The Time
Machine", de H.G. Wells.
Nesta ópera moderna -que
pretende levar o público por fantástica viagem pelo Egito do século 17, pela Londres do século 19 e
pela atual Kansas City (EUA)- se
misturam o inglês das canções de
Lou Reed e o alemão do autor do
texto, Darryl Pinckney.
Os espectadores poderão acompanhar o texto pelas legendas em
português exibidas em um painel
eletrônico em cima da boca de cena. Mas, sendo um espetáculo de
Bob Wilson, é bom ficar bem ligado na movimentação no palco.
Durante entrevista que concedeu anteontem, no Teatro Municipal, o texano Robert Wilson
lembrou sua aversão ao teatro
com pretensões intelectuais, como por exemplo, o alemão.
Wilson comparou o seu trabalho
ao de um coreógrafo que vai construindo um espetáculo a partir da
movimentação em cena dos bailarinos. Uma das coisas que mais o
incomoda são os exercícios tradicionais em que atores ficam meses
lendo e falando um texto.
"Talvez o mais importante no
teatro seja ouvir. E se ouve com
todo o corpo", disse, completando: "Para o meu trabalho, a consciência do corpo é importante".
Movimento, dança, música, texto e uma visão particular do transcorrer do tempo se misturam nesse espetáculo em que Wilson mostra, durante duas horas e meia, a
história do desaparecimento do
mestre dr. Procopius, na Londres
do século 19. Acusados pela morte, Nick e Priscilla fogem por um
túnel do tempo, viajando em um
esqueleto gigante de peixe voador.
Os movimentos em cena podem
ser lentos ou até mesmo estacionários. Mas, segundo Wilson,
sempre haverá movimento. "Não
existe ausência de movimento.
Mesmo quando os atores param
de andar, estão em movimento."
Para ele, não há como conceituar o tempo. "Tudo está acontecendo a cada segundo", afirma.
Em cima de um palco, então, a
realidade é outra. Wilson considera a movimentação na cena teatral
algo particular.
Algo que não tem a ver com as
cenas do dia-a-dia do mundo real.
Por isso, rejeita a pretensão do
chamado teatro naturalista de copiar a vida como ela é.
"O palco é diferente de qualquer
outro espaço. Tudo é diferente: a
luz, o piso, o ar, a maneira como
se fala, como se move. Talvez a
coisa mais difícil de aprender no
palco seja como ficar em pé nele."
Espetáculo: Time Rocker
Direção: Bob Wilson
Onde: Teatro Municipal do Rio de Janeiro
(pça Floriano s/nš, Cinelândia, centro, tel.
021/297-4411)
Quando: de hoje a segunda (hoje, sábado
e segunda, às 20h; domingo, às 17h)
Quanto: de R$ 15 a R$ 450
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