Longa baseado em "O Dono do Mar", livro do escritor e ex-presidente, vai ser dirigido por Odorico Mendes

MARCELO RUBENS PAIVA
especial para a Folha

"O Dono do Mar", livro do escritor e ex-presidente José Sarney, membro da Academia Brasileira de Letras, vai virar filme.
Publicado em 1995 pela editora Siciliano, a história do pescador Antão Cristório, da ilha de Curupu, Golfão do Maranhão (MA), que é atormentado por lendas e fantasmas de antigos náufragos, já vendeu 30 mil cópias no Brasil, está na segunda edição na França, terceira edição na Espanha e acaba de ser lançado no Líbano.
Enquanto muitos se inscrevem no grupo dos que não leram e não gostaram, fazem parte do coro dos admiradores Josué Montello, Geraldo Mello Mourão e Jorge Amado. Lévi-Strauss afirmou que o livro é uma "obra monumental", e Darcy Ribeiro escreveu: "Ninguém na literatura brasileira alcançou tais alturas no realismo mágico. Estou perplexo".
A Chroma Filmes, produtora paulistana, dá o "start" da produção em agosto. O roteiro é do próprio autor -que levou um ano para escrevê-lo e, segundo a produtora, "aumentou as cenas de sexo"- e de Fábio Gomes e Frank Dawe. A direção será de Odorico Mendes ("Sigilo Absoluto", 1994), que comprou os direitos do livro por R$ 30 mil.
"O filme deveria custar R$ 12 milhões, mas vamos fazê-lo por R$ 6,5 milhões. O Sarney não quer um filme muito caro. O livro é encrenca brava. Têm fantasmas, gente andando em cima da água, muito efeito especial. Construiremos duas caravelas. As complicações atraem um cineasta, mas chocam o investidor", afirma Mendes.
Na região do Golfão do Maranhão, será construído um lago artificial com ondas de até três metros. "A narrativa não carece de muita lógica, mas não tem como não filmar no Maranhão. É lá que se passa a história. Temos ajuda de empresários locais, amigos do autor, que vão emprestar máquinas e tratores", diz Mendes.
O autor, apesar dos compromissos políticos, acha tempo para discutir a adaptação e sugerir o elenco, não confirmado (Vera Fischer, Sônia Braga, entre outros).
"Ele é muito envolvido e me telefona sempre. O que chama a atenção é o bizarro da história e o que faz aquela gente acreditar em piocos (entes fantásticos que vivem no mar). Aliás, no filme, o eixo da história é ir atrás dos piocos", diz Mendes, que pretende lançar o filme em julho de 2000.


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