São Paulo, Sábado, 19 de Junho de 1999
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Cultura foi relegada, diz editor

especial para a Folha


Não deve ser fácil organizar o currículo do senador, vice que virou presidente, em 1985, e foi um dos mentores do processo de transição política brasileira.
E não deve ser nada fácil para o escritor de "Norte das Águas" (editora Martins, 1969) e "Marimbondos de Fogo" (editora Artenova, 1979) sentar-se na cadeira de presidente da República.
Seu talento literário estará sempre encoberto pelas manobras políticas e conchavos do poder, manobras que criam inimigos, desafetos e injustiças.
"Em alguns momentos, o nome José Sarney ajuda. Mas político tem inimigos. Existe um prejulgamento. Vivem me perguntando: "Será que livro do Sarney presta?". O que me atrai é a mágica, a barba que vira fios de ouro. Não vou fazer um filme normal", explica o diretor Odorico Mendes.
"Sarney é do grupo do Ferreira Gullar. Como presidente, ele se forçou a ser controlado, mas tem uma cultura humanística e literária que talvez nenhum presidente tenha tido. Isso ficou relegado. Ele é um homem muito simples. As reportagens sobre ele não retratam o que ele é", diz Pedro Paulo de Sena Madureira, seu editor.
"É difícil separar a imagem do político da do escritor. Pago o tributo. Literatura é uma paixão. Dizem que no Maranhão uma criança nasce falando "academia!". Ninguém nasce falando "Presidência!'", afirma Sarney. (MRP)


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