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Piocos vieram com os franceses
especial para a Folha
Os piocos que aparecem no livro
de Sarney são entes fantásticos que
vivem no mar, têm um só olho, no
meio da testa, e invadem as aldeias
de pescadores para desvirginar as
mulheres.
Juntos às curacangas (fogos do
mar) e chicholas (morcegos que
violentam as mulheres), esses entes são elementos de uma narrativa
classificada de realismo fantástico
ou mágico.
"Os escritores brasileiros não fizeram questão de se enquadrar
nesse lobby hispano-americano
chamado realismo fantástico. Talvez o livro do Sarney seja o livro
brasileiro que mais se aproxima
desse estilo", afirma seu editor, Pedro Paulo Madureira.
"Essa é a mitologia da região em
que sempre passei as férias. Já havia feito um ensaio sociológico sobre a pesca, quando eu tinha 20
anos. Recolhi material com os pescadores", lembra Sarney.
Lenda francesa
"Nas lendas, existem pequenos
fósseis antropológicos. São lendas
comuns na costa do Maranhão e
na França. Vieram com os navegadores. O Maranhão foi descoberto
por franceses. A maré e a lua ainda
são grandes mistérios", conta o escritor.
No livro, há a presença de um
mar revolto, que muda constantemente de cor (é azul, verde e cinza)
e cuja maré deixa um rastro de dois
quilômetros. Os mistérios e a sensualidade dos personagens correm
à deriva. Soa estranho, lembrando
a sisudez do autor.
"Sensualidade faz parte do mar.
O marinheiro sai e fica pensando.
As mulheres vivem da espera. É
uma preparação longa", completa
Sarney.
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