São Paulo, Sábado, 19 de Junho de 1999
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Piocos vieram com os franceses

especial para a Folha

Os piocos que aparecem no livro de Sarney são entes fantásticos que vivem no mar, têm um só olho, no meio da testa, e invadem as aldeias de pescadores para desvirginar as mulheres.
Juntos às curacangas (fogos do mar) e chicholas (morcegos que violentam as mulheres), esses entes são elementos de uma narrativa classificada de realismo fantástico ou mágico.
"Os escritores brasileiros não fizeram questão de se enquadrar nesse lobby hispano-americano chamado realismo fantástico. Talvez o livro do Sarney seja o livro brasileiro que mais se aproxima desse estilo", afirma seu editor, Pedro Paulo Madureira.
"Essa é a mitologia da região em que sempre passei as férias. Já havia feito um ensaio sociológico sobre a pesca, quando eu tinha 20 anos. Recolhi material com os pescadores", lembra Sarney.

Lenda francesa
"Nas lendas, existem pequenos fósseis antropológicos. São lendas comuns na costa do Maranhão e na França. Vieram com os navegadores. O Maranhão foi descoberto por franceses. A maré e a lua ainda são grandes mistérios", conta o escritor.
No livro, há a presença de um mar revolto, que muda constantemente de cor (é azul, verde e cinza) e cuja maré deixa um rastro de dois quilômetros. Os mistérios e a sensualidade dos personagens correm à deriva. Soa estranho, lembrando a sisudez do autor.
"Sensualidade faz parte do mar. O marinheiro sai e fica pensando. As mulheres vivem da espera. É uma preparação longa", completa Sarney.


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