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MÚSICA
Samuel Rosa, do Skank, se apresenta em BH ao lado de Lô Borges depois de desavenças entre músicos de Minas
Show sela as pazes entre os mineiros
CARLOS HENRIQUE SANTIAGO
da Agência Folha, em Belo Horizonte
Acabou a guerra. Ao som de guitarras e longe das bombas, o Clube
da Esquina e as bandas mineiras de
pop-rock que estouraram nos
anos 90 selam as pazes hoje com a
estréia do show de Lô Borges, 47, e
do "skank" Samuel Rosa, 32, em
Belo Horizonte.
Lô Borges é um dos muitos remanescentes do disco seminal
"Clube da Esquina" (1971) que sobrevivem no mercado fonográfico
quase 30 anos depois.
O outro é Samuel, o vocalista e
compositor do Skank, principal
banda mineira da atualidade. Estourou em 93 com o disco homônimo e, desde então, não deixou
mais as paradas de sucesso. "Tenho todos os discos do Lô lá em casa", afirma Samuel.
Há dois anos, uma matéria da
Folha foi combustível para a fogueira das vaidades em Minas Gerais. "Na época, estava excursionando no Japão e tinha gente me
malhando aqui em Belo Horizonte. Um lojista japonês com o cabelo todo pintado me disse que a juventude do país dele estava ligada
no meu som, mas eu infelizmente
não podia dizer o mesmo do meu
país", reclama Lô.
Ele afirma que, da parte do Clube
da Esquina, nunca houve animosidade, embora muitos amigos tenham ficado ressentidos com a reportagem.
"Ficar enterrando os vivos não é
minha praia. Se tem gente que está
curtindo essa, pode se arrepender
porque pode acabar enterrado."
John, 33, do Pato Fu, outra banda
mineira de pop que estourou nacionalmente nos anos 90, diz que
houve diferenças, mas isso já acabou.
"Quando você é moleque, vai
contra o sistema, mas, hoje, é o lado musical que prevalece", afirma.
As novas bandas mineiras parecem apoiar. A banda Zippados regravou há um ano em seu CD independente "Para Lennon e
McCartney", uma parceria de dois
irmãos Borges com Milton Nascimento, e chamou Lô para dividir
os vocais.
Foi o pontapé inicial. Alguns meses depois, Samuel Rosa convidou
Lô para participar da festa do selo
Chaos e, este ano, em um show
quase invisível do Dr. Penetration,
projeto paralelo do Skank, ele subiu no palco para mais uma canja.
Samuel Rosa reconhece que o
Skank, devido à repercussão nacional, pode ter uma influência sobre as novas bandas que devem
surgir em Minas Gerais nos próximos anos.
"Isso acaba sendo um fator de
motivação para o garoto que está
passando na rua, carregando a
guitarra para a aula de música, talvez como eu me sentia ouvindo as
músicas do Lô", diz.
O guitarrista Ronaldo Gino, 30,
do extinto Virna Lisi, discorda e
diz que o show é resultado de um
gosto pessoal de Samuel Rosa que
não é compartilhado por todos.
Sua nova banda, Radar Tantã, busca um lado melódico mais forte,
mas sob influência do Jesus &
Mary Chain e não do Clube da Esquina.
"O Samuel tem um gosto musical
bem mineiro. Acho que o show
com o Lô era uma vontade pessoal
dele. Minhas referências pessoais
são outras, mas vou estar lá (na estréia) para ver", diz o guitarrista.
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