São Paulo, Sábado, 19 de Junho de 1999
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CRÍTICA
Pop em leitura tradicionalista

da Reportagem Local

Quinteto Violado está no fio da corda. "Farinha do Mesmo Saco" tenta provar que a banda não é da tradição, nem da inovação, muito pelo contrário.
É caso raro em que essa indecisão não significa ser do muro. O Quinteto imprimiu, nestes 27 anos, uma marca de fato única. Apaixonados pela música nordestina de raiz, eles burilam temas e harmonias, tornam-nos mais densos, subvertem-nos a um regionalismo universalista.
O disco faz isso com o mangue beat, era inevitável. Resulta um disco que não é obra-prima -como são os discos dos anos 70 e o anterior, o corajosíssimo "Quinteto Canta Vandré".
"Farinha do Mesmo Saco" traz para a linguagem do Quinteto os funk-pop-rap-rocks do mangue beat, e fica esquisito. Não trai a linguagem do Quinteto, mas fere a do mangue -"Macô" e a inédita "Ligação Direta" não revelam nuances. Apenas ficam diferentes.
Em contrapartida, temas dos menos inventivos Querosene Jacaré e Coração Tribal surpreendem nessas regravações sertanejas.
Também a MPB pop de Lenine, naturalmente mais próxima do universo do Quinteto, revelam-se eficientes nas versões de seus influenciadores. O mesmo ocorre nos temas nordestinos -escolhidos com critério- de Caetano e Djavan, adaptáveis ao projeto.
O deslize fica, possivelmente, com o conceito totalizador -armorialista, por que não?-, de que tudo que está ali fosse mesmo farinha do mesmo saco.
Levada a esses extremos, tal conceituação teria que abranger funks da Tiazinha e salmos do Padre Marcelo -não é o caso, claro. O Quinteto Violado nasceu para lapidar versões brilhantes e surpreendentes dos velhos bambas. Assim eles vêm pavimentando uma longa estrada. (PAS)


Avaliação:   


Disco: Farinha do Mesmo Saco Grupo: Quinteto Violado Lançamento: Atração Quanto: R$ 18, em média

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