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CRÍTICA
Pop em leitura
tradicionalista
da Reportagem Local
Quinteto Violado está no
fio da corda. "Farinha do
Mesmo Saco" tenta provar
que a banda não é da tradição, nem da inovação, muito pelo contrário.
É caso raro em que essa
indecisão não significa ser
do muro. O Quinteto imprimiu, nestes 27 anos, uma
marca de fato única. Apaixonados pela música nordestina de raiz, eles burilam
temas e harmonias, tornam-nos mais densos, subvertem-nos a um regionalismo universalista.
O disco faz isso com o
mangue beat, era inevitável.
Resulta um disco que não é
obra-prima -como são os
discos dos anos 70 e o anterior, o corajosíssimo
"Quinteto Canta Vandré".
"Farinha do Mesmo Saco"
traz para a linguagem do
Quinteto os funk-pop-rap-rocks do mangue beat, e fica
esquisito. Não trai a linguagem do Quinteto, mas fere a
do mangue -"Macô" e a
inédita "Ligação Direta"
não revelam nuances. Apenas ficam diferentes.
Em contrapartida, temas
dos menos inventivos Querosene Jacaré e Coração
Tribal surpreendem nessas
regravações sertanejas.
Também a MPB pop de
Lenine, naturalmente mais
próxima do universo do
Quinteto, revelam-se eficientes nas versões de seus
influenciadores. O mesmo
ocorre nos temas nordestinos -escolhidos com critério- de Caetano e Djavan,
adaptáveis ao projeto.
O deslize fica, possivelmente, com o conceito totalizador -armorialista, por
que não?-, de que tudo
que está ali fosse mesmo farinha do mesmo saco.
Levada a esses extremos,
tal conceituação teria que
abranger funks da Tiazinha
e salmos do Padre Marcelo
-não é o caso, claro. O
Quinteto Violado nasceu
para lapidar versões brilhantes e surpreendentes
dos velhos bambas. Assim
eles vêm pavimentando
uma longa estrada.
(PAS)
Avaliação:
Disco: Farinha do Mesmo Saco
Grupo: Quinteto Violado
Lançamento: Atração
Quanto: R$ 18, em média
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