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PATATIVA DO ASSARÉ
Lançamentos trazem desde reprodução de cordéis até CD com o trovador cearense declamando
Novas biografias vivificam obra do artista
DO ENVIADO A ASSARÉ (CE)
Aos 91 anos, Patativa do Assaré
diz que não tem medo de nada.
Nem da morte.
"Eu sei que já estou no fim/Eu
sei que a terra me come, mas fica
vivo o meu nome, para os que
gostam de mim", diz.
A partir deste mês, o nome do
poeta fica ainda mais vivo. Ele está
na capa de três livros que estão
sendo lançados por todo o país.
O primeiro desses volumes a
chegar às livrarias foi o pequenino
"Cordel/Patativa do Assaré", com
introdução e seleção da pesquisadora francesa Sylvie Debs.
O título faz parte da coleção "Biblioteca do Cordel", da jovem editora paulistana Hedra (tel. 0/xx/
11/3897-8304), que pretende reunir 50 volumes sobre os principais
nomes do gênero literário popular folheto de cordel.
O livro dedicado a Patativa, um
dos cinco primeiros da série, traz
um estudo com características
acadêmicas sobre a obra do poeta
cearense e também reúne cinco
de seus principais cordéis, como
"História de Aladim e a Lâmpada
Maravilhosa", "O Padre Henrique
e o Dragão da Maldade" e "Brosogó, Militão e o Diabo".
Gilmar de Carvalho, responsável pelo volume dedicado ao cordelista Manoel Caboclo na coleção da Hedra, é autor de outro
lançamento dedicado a Patativa.
Professor da Universidade Federal do Ceará, Carvalho escreveu
a biografia "Patativa do Assaré",
que faz apanhado ao mesmo tempo profundo e didático da vida e
da obra do artista.
Em menos de cem páginas é
possível acompanhar desde o
nascimento do poeta, em uma
sexta-feira de lua crescente, até a
inauguração do memorial Patativa do Assaré, no ano passado.
Em formato de bolso, o livro faz
parte de outra coleção, chamada
de "Terra Bárbara". Lançada pela
editora Demócrito Rocha (tel. 0/
xx/85/255-6270), a série reúne
biografias de grandes personalidades cearenses, como o maestro
Alberto Nepomuceno, o líder religioso Padre Cícero e Bárbara de
Alencar, tida como a primeira
presa política brasileira.
Maior e bem ilustrado, "O Poeta
do Povo", de Assis Ângelo, complementa o trio de lançamentos.
Primeira obra publicada pela
editora do CPC-Umes (Centro
Popular de Cultura da União Municipal dos Estudantes Secundaristas), o volume tem como um de
seus trunfos o amplo material iconográfico, incluindo fotografias
recentes de Patativa e de Assaré
feitas pelo fotógrafo Gal Oppido.
Ângelo, que está autografando o
livro hoje, às 18h30, na livraria
Cultura do shopping Villa-Lobos
(av. Nações Unidas, 4.777, tel. 0/
xx/11/3024-3599), em São Paulo,
vem pesquisando o trabalho de
Patativa há 22 anos.
Um CD que vem encartado no
livro possibilita acompanhar trechos da primeira conversa do jornalista com o poeta cearense. O
disco também traz Patativa declamando poemas, assim como leituras feitas por Ângelo, produtor
e apresentador do programa de
rádio "São Paulo Capital Nordeste" (rádio Capital AM, 1.040 kHz),
que vai ao ar aos sábados, às 21h.
"A palavra é feia, mas vou usar:
dissecar. É isso que meu livro pretende fazer com a obra de Patativa. Esgotar", diz o jornalista.
Gilmar de Carvalho, que estuda
a obra de Patativa desde o final
dos anos 80, e que já organizou
para a secretaria de Cultura do
Ceará uma caixa com os cordéis
do poeta, também prepara uma
biografia do trovador de Assaré.
Enquanto isso, organiza um livro só com ensaios que escreveu
sobre o seu biografado.
(CASSIANO ELEK MACHADO)
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