São Paulo, quarta-feira, 19 de julho de 2000


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PATATIVA DO ASSARÉ
Lançamentos trazem desde reprodução de cordéis até CD com o trovador cearense declamando
Novas biografias vivificam obra do artista

DO ENVIADO A ASSARÉ (CE)

Aos 91 anos, Patativa do Assaré diz que não tem medo de nada. Nem da morte.
"Eu sei que já estou no fim/Eu sei que a terra me come, mas fica vivo o meu nome, para os que gostam de mim", diz.
A partir deste mês, o nome do poeta fica ainda mais vivo. Ele está na capa de três livros que estão sendo lançados por todo o país.
O primeiro desses volumes a chegar às livrarias foi o pequenino "Cordel/Patativa do Assaré", com introdução e seleção da pesquisadora francesa Sylvie Debs.
O título faz parte da coleção "Biblioteca do Cordel", da jovem editora paulistana Hedra (tel. 0/xx/ 11/3897-8304), que pretende reunir 50 volumes sobre os principais nomes do gênero literário popular folheto de cordel.
O livro dedicado a Patativa, um dos cinco primeiros da série, traz um estudo com características acadêmicas sobre a obra do poeta cearense e também reúne cinco de seus principais cordéis, como "História de Aladim e a Lâmpada Maravilhosa", "O Padre Henrique e o Dragão da Maldade" e "Brosogó, Militão e o Diabo".
Gilmar de Carvalho, responsável pelo volume dedicado ao cordelista Manoel Caboclo na coleção da Hedra, é autor de outro lançamento dedicado a Patativa.
Professor da Universidade Federal do Ceará, Carvalho escreveu a biografia "Patativa do Assaré", que faz apanhado ao mesmo tempo profundo e didático da vida e da obra do artista.
Em menos de cem páginas é possível acompanhar desde o nascimento do poeta, em uma sexta-feira de lua crescente, até a inauguração do memorial Patativa do Assaré, no ano passado.
Em formato de bolso, o livro faz parte de outra coleção, chamada de "Terra Bárbara". Lançada pela editora Demócrito Rocha (tel. 0/ xx/85/255-6270), a série reúne biografias de grandes personalidades cearenses, como o maestro Alberto Nepomuceno, o líder religioso Padre Cícero e Bárbara de Alencar, tida como a primeira presa política brasileira.
Maior e bem ilustrado, "O Poeta do Povo", de Assis Ângelo, complementa o trio de lançamentos.
Primeira obra publicada pela editora do CPC-Umes (Centro Popular de Cultura da União Municipal dos Estudantes Secundaristas), o volume tem como um de seus trunfos o amplo material iconográfico, incluindo fotografias recentes de Patativa e de Assaré feitas pelo fotógrafo Gal Oppido.
Ângelo, que está autografando o livro hoje, às 18h30, na livraria Cultura do shopping Villa-Lobos (av. Nações Unidas, 4.777, tel. 0/ xx/11/3024-3599), em São Paulo, vem pesquisando o trabalho de Patativa há 22 anos.
Um CD que vem encartado no livro possibilita acompanhar trechos da primeira conversa do jornalista com o poeta cearense. O disco também traz Patativa declamando poemas, assim como leituras feitas por Ângelo, produtor e apresentador do programa de rádio "São Paulo Capital Nordeste" (rádio Capital AM, 1.040 kHz), que vai ao ar aos sábados, às 21h.
"A palavra é feia, mas vou usar: dissecar. É isso que meu livro pretende fazer com a obra de Patativa. Esgotar", diz o jornalista.
Gilmar de Carvalho, que estuda a obra de Patativa desde o final dos anos 80, e que já organizou para a secretaria de Cultura do Ceará uma caixa com os cordéis do poeta, também prepara uma biografia do trovador de Assaré.
Enquanto isso, organiza um livro só com ensaios que escreveu sobre o seu biografado.
(CASSIANO ELEK MACHADO)

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