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Museu colhe objetos e sons do poeta
DO ENVIADO A ASSARÉ (CE)
Na entrada da principal estrada
para Assaré (que fica a 585 km de
Fortaleza) há uma espécie de outdoor que anuncia: "Assaré, terra
de Patativa". É apenas a primeira
indicação de como funciona o
"sistema solar" da região.
Não é difícil chegar ao sol. A casa de Patativa, todos os 19.056 habitantes de Assaré sabem, fica no
número 27 da rua Coronel Onofre, em frente à igreja de Nossa Senhora das Dores.
Próximo ao lar do poeta, do outro lado da praça, fica um "planetário". É o memorial Patativa do
Assaré. No casarão amarelo, que
já foi cadeia pública, escola, sede
de sindicato e hotel, há um pouco
de tudo do universo patativoso.
Chapéus de feltro preto e óculos
escuros de todo tipo, marcas registradas do artista, convivem
com escova de cabelo, bacia d'água para fazer a barba, cadernos
de seus poucos manuscritos, matrizes de xilogravuras utilizadas
nos cordéis.
Duas das salas, uma no primeiro e outra no segundo andar,
guardam medalhas, entre elas a
José de Alencar, que Fernando
Henrique Cardoso colocou em
seu peito em 1995. E muitos diplomas, como os "doutor honoris
causa" de todas as principais universidades do Estado.
Bem equipado, o memorial
também traz algo fundamental
para entender o poeta passarinho.
Seu som. Estão disponíveis, em
fones como os usados em lojas de
disco, todas as principais gravações comerciais de Patativa. Nenhuma delas, porém, levou o nome do poeta tão alto quanto "A
Triste Partida", que virou hit na
voz de Luiz Gonzaga.
Exibido continuamente, um vídeo traz o rei do baião, lado a lado
com o astro de Assaré, cantando
essa toada, de uma família de retirantes nordestinos.
"Sempre admirei Luiz Gonzaga
em todos os sentidos. Ele passou
nove anos na farda. Foi sargento e
até corneteiro. Segundo ele mesmo me disse, o chamavam de bico
de aço. Ele nunca mudou. Sempre
foi um caboclo do norte, mesmo
vivendo tanto tempo no meio urbano", disse o poeta à Folha.
A carreira musical de Patativa
também está representada. O primeiro violão, de 1925, quando
convenceu sua mãe a vender uma
ovelha para adquiri-lo, já não se
sabe onde está. Mas o museu exibe o segundo instrumento do
poeta, presente de Miguel Arraes
nos anos 60.
O poeta faz muxoxo quando se
fala em tanta homenagem. Diz
que gosta mesmo, no memorial, é
da neta Isabel Cristina da Silva,
que trabalha lá.
(CEM)
O quê: memorial Patativa do Assaré
Onde: r. Coronel Francisco Gomes, s/nº,
praça da Matriz (CEP 63140-000), Assaré,
tel. 0/xx/88/535-1160
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