São Paulo, quarta-feira, 19 de julho de 2000


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Museu colhe objetos e sons do poeta

DO ENVIADO A ASSARÉ (CE)

Na entrada da principal estrada para Assaré (que fica a 585 km de Fortaleza) há uma espécie de outdoor que anuncia: "Assaré, terra de Patativa". É apenas a primeira indicação de como funciona o "sistema solar" da região.
Não é difícil chegar ao sol. A casa de Patativa, todos os 19.056 habitantes de Assaré sabem, fica no número 27 da rua Coronel Onofre, em frente à igreja de Nossa Senhora das Dores.
Próximo ao lar do poeta, do outro lado da praça, fica um "planetário". É o memorial Patativa do Assaré. No casarão amarelo, que já foi cadeia pública, escola, sede de sindicato e hotel, há um pouco de tudo do universo patativoso.
Chapéus de feltro preto e óculos escuros de todo tipo, marcas registradas do artista, convivem com escova de cabelo, bacia d'água para fazer a barba, cadernos de seus poucos manuscritos, matrizes de xilogravuras utilizadas nos cordéis.
Duas das salas, uma no primeiro e outra no segundo andar, guardam medalhas, entre elas a José de Alencar, que Fernando Henrique Cardoso colocou em seu peito em 1995. E muitos diplomas, como os "doutor honoris causa" de todas as principais universidades do Estado.
Bem equipado, o memorial também traz algo fundamental para entender o poeta passarinho. Seu som. Estão disponíveis, em fones como os usados em lojas de disco, todas as principais gravações comerciais de Patativa. Nenhuma delas, porém, levou o nome do poeta tão alto quanto "A Triste Partida", que virou hit na voz de Luiz Gonzaga.
Exibido continuamente, um vídeo traz o rei do baião, lado a lado com o astro de Assaré, cantando essa toada, de uma família de retirantes nordestinos.
"Sempre admirei Luiz Gonzaga em todos os sentidos. Ele passou nove anos na farda. Foi sargento e até corneteiro. Segundo ele mesmo me disse, o chamavam de bico de aço. Ele nunca mudou. Sempre foi um caboclo do norte, mesmo vivendo tanto tempo no meio urbano", disse o poeta à Folha.
A carreira musical de Patativa também está representada. O primeiro violão, de 1925, quando convenceu sua mãe a vender uma ovelha para adquiri-lo, já não se sabe onde está. Mas o museu exibe o segundo instrumento do poeta, presente de Miguel Arraes nos anos 60.
O poeta faz muxoxo quando se fala em tanta homenagem. Diz que gosta mesmo, no memorial, é da neta Isabel Cristina da Silva, que trabalha lá.
(CEM)


O quê: memorial Patativa do Assaré
Onde: r. Coronel Francisco Gomes, s/nº, praça da Matriz (CEP 63140-000), Assaré, tel. 0/xx/88/535-1160


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