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CRÍTICA
Mesmo híbrido, longa preserva humor inglês
PEDRO BUTCHER
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Um abismo divide o cinema
feito na Inglaterra até cerca
de dez anos atrás e o de hoje. Mais
do que qualquer outra cinematografia, a inglesa sentiu na carne a
transformação global desse período: a substituição das questões
coletivas pelas particulares.
Comédias críticas que mostravam a vida em grupo como "Minha Adorável Lavanderia" perderam espaço para filmes como "O
Diário de Bridget Jones" e este
"Um Grande Garoto". Ambos são
co-produções com Hollywood, de
orçamento gordo e com um jeitão
de cinema de auto-ajuda.
"Um Grande Garoto" é o terceiro livro de Nick Hornby a ganhar
as telas. A direção é de Chris e
Paul Weitz, conhecidos pela abordagem, digamos, direta da sexualidade adolescente em "American
Pie". A produção é do conglomerado Vivendi-Universal, de capital europeu e americano. O filme
é, pois, um produto dessa "nova
ordem" do cinema mainstream.
Daí que a escolha de um livro de
Hornby parece perfeita. Descreve,
com ironia, os dilemas do homem
só, mulherengo e fazedor de listas.
Suas personagens vivem aprisionadas em viagens egocêntricas e
constroem a identidade pelo consumo. São o que compram.
Assim é Will (Hugh Grant, surpreendentemente bem). A diferença é que sua visão cínica será
derretida pela insistência de um
menino de 12 anos. Descrito assim, mais parece mais uma dessas
banalidades sentimentais do cinema. Mas, ainda que híbrido, resta
nele muito do melhor humor inglês, que o salva do déjà vu total.
Um Grande Garoto
About a Boy
Direção: Chris e Paul Weitz
Produção: EUA/Inglaterra/França, 2002
Quando: a partir de hoje nos cines Interlagos, Tamboré e circuito
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