São Paulo, sexta-feira, 19 de julho de 2002

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CRÍTICA

Mesmo híbrido, longa preserva humor inglês

PEDRO BUTCHER
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Um abismo divide o cinema feito na Inglaterra até cerca de dez anos atrás e o de hoje. Mais do que qualquer outra cinematografia, a inglesa sentiu na carne a transformação global desse período: a substituição das questões coletivas pelas particulares.
Comédias críticas que mostravam a vida em grupo como "Minha Adorável Lavanderia" perderam espaço para filmes como "O Diário de Bridget Jones" e este "Um Grande Garoto". Ambos são co-produções com Hollywood, de orçamento gordo e com um jeitão de cinema de auto-ajuda.
"Um Grande Garoto" é o terceiro livro de Nick Hornby a ganhar as telas. A direção é de Chris e Paul Weitz, conhecidos pela abordagem, digamos, direta da sexualidade adolescente em "American Pie". A produção é do conglomerado Vivendi-Universal, de capital europeu e americano. O filme é, pois, um produto dessa "nova ordem" do cinema mainstream.
Daí que a escolha de um livro de Hornby parece perfeita. Descreve, com ironia, os dilemas do homem só, mulherengo e fazedor de listas. Suas personagens vivem aprisionadas em viagens egocêntricas e constroem a identidade pelo consumo. São o que compram.
Assim é Will (Hugh Grant, surpreendentemente bem). A diferença é que sua visão cínica será derretida pela insistência de um menino de 12 anos. Descrito assim, mais parece mais uma dessas banalidades sentimentais do cinema. Mas, ainda que híbrido, resta nele muito do melhor humor inglês, que o salva do déjà vu total.


Um Grande Garoto
About a Boy   
Direção: Chris e Paul Weitz
Produção: EUA/Inglaterra/França, 2002
Quando: a partir de hoje nos cines Interlagos, Tamboré e circuito



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