São Paulo, sexta-feira, 19 de julho de 2002

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RUÍDO

OMB elege conselho com 209 votantes

PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL

Enquanto a ABPD pressiona músicos para lá e para cá, a desprestigiada Ordem dos Músicos do Brasil (OMB), em torno da qual eles poderiam se unir, segue em regime feudal.
Em meio ao feriado paulistano da semana passada, foram convocadas eleições para o conselho regional de São Paulo. A chapa única venceu com a pífia votação de 183 votos, num universo de 209 músicos votantes.
Wilson Sândoli, 75, foi reeleito para presidir o conselho paulista, que, reunido aos dos outros Estados, definirá o presidente nacional da congregação por mais três anos. O próprio Sândoli tem se reeleito para esse cargo há 36 anos consecutivos.
Ele justifica a eterna chapa única: "Ninguém registra outra, não podemos ir atrás do pessoal pedindo para fazer chapa".
A Folha ouviu músicos que se dizem filiados à OMB e em dia com os pagamentos há até 20 anos e nunca receberam uma convocação para votar. Sândoli protesta: "Todos que estão em dia com as anuidades receberam comunicado. Às vezes mandamos até para alguém que já morreu. Se a família não comunica que morreu, como podemos descobrir?".

"TRAVESSIA" VOLTA

A Dubas relança ainda neste mês, em edição de luxo, o álbum de estréia de Milton Nascimento, de 67. E edita também "Você Ainda Não Ouviu Nada!" (63), o raríssimo segundo disco de Sergio Mendes, inédito em CD.

O NÃO-LANÇAMENTO

Um que está completamente jogado às traças é o catálogo da extinta RGE, que hoje pertence à Som Livre (0/xx/21/2534-8448), da Rede Globo, mas mais parece terra de ninguém. Este "Nave Maria", por exemplo, Tom Zé lançou em 84, num dos auges de seu longo período de ostracismo. Talvez por isso mesmo áspero, rascante e ousado (no projeto gráfico, Tom Zé vinha embalado em plástico, como saindo de um útero escuro), "Nave Maria" não foi ouvido por quase ninguém. Mas continha faixas temáticas e fortes como "Conto de Fraldas", "Mamar no Mundo", "Neném Gravidez", "Identificação"... O bebê Tom Zé esperava (re)nascer, o que ainda demoraria uma década.

LOBÃO PATRÃO

Nos últimos dias, integrantes da ABPD insinuaram que Lobão repete, em seu selo independente, as mesmas práticas de maquiagem de números que condena nas grandes gravadoras: Zeca Baleiro, que cantou no disco "A Vida É Doce" (2000), de Lobão, não teria recebido sua parte nos direitos, ou teria recebido em quantia inferior à das divulgadas 100 mil cópias vendidas. "Prensamos 100 mil cópias. Não sei se foram todas vendidas, mas a vendagem foi enorme e está em torno de 100 mil. Se a ABPD quiser contar, que apóie a numeração", ataca/defende-se Lobão.

ZECA COMPANHEIRO

De seu lado, Zeca Baleiro foge da imprensa, mas diz por intermédio de sua empresária que estão querendo usá-lo com segundas intenções. Segundo ela, Zeca topou cantar com Lobão por prazer e afeição e não tem nada do que reclamar. "Se tiver oportunidade, ele abre mão de quaisquer royalties que porventura lhe caibam", diz a empresária, dizendo que não sabe se Zeca recebeu algum ou não.

513.965

A Universal diz que o "Acústico MTV" de Cássia Eller não vendeu 450 mil cópias, como publicado há uma semana em "Ruído", mas sim 513.965. Mas esses são números vendidos para lojistas -quantos consumidores foram à loja e compraram, só Deus sabe.

psanches@folhasp.com.br



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