São Paulo, sexta-feira, 19 de julho de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MÚSICA

VJs projetam filmes em telões para acompanhar o som que é tocado nas pistas de raves e festivais eletrônicos

"DJs de imagens" têm mais espaço em festas

CLAUDIA ASSEF
DA REPORTAGEM LOCAL

Sabe o que faz um VJ? Se você respondeu que o VJ, ou videojóquei, é tão somente o cara que apresenta clipes na MTV, errou.
Claro, o VJ pode ser alguém que anuncia clipes, sim. Mas a palavra começa a ser cada vez mais usada em referência a uma nova categoria de artista: o VJ que trabalha em festas de música eletrônica. Esse cara está para as imagens assim como o DJ está para o som.
Reparou que já tem muita festa por aí com "filminhos " sendo projetados em telões, acompanhando as batidas da música? Pois é, por trás daquela parafernália toda está um VJ.
No Brasil, a profissão ainda engatinha, apesar de o ano de 2001 ter representado um avanço enorme para essa nova categoria de artista. Pense em qualquer rave ou festival de música eletrônica grande que aconteceu no país. Certamente havia algum VJ envolvido.
Alguns VJs já são bem famosos no país. Os mais conhecidos são também os que primeiro se envolveram na profissão: Angelo Palumbo, 40, o VJ Palumbo, e Alexis Anastasiou, 26, o VJ Alexis. Além deles, há hoje três núcleos de VJs no país: os paulistanos Embolex e Fábrica Bijari e o mineiro Feitos a Mãos.

DJ de imagens
O VJ trabalha em parceria com o DJ ou o live PA (execução de música eletrônica ao vivo) que está se apresentando na festa, mas a performance nunca é ensaiada antes. "Acompanhamos o som do DJ com imagens", conta Alexis.
Ele explica como funciona o processo: "Conhecemos o estilo de cada DJ. Se o cara toca tecno, vamos escolher imagens mais duras, talvez em preto-e-branco. Se toca house, coisas mais alegres, estilosas. Se toca trance, imagens que tenham a ver com natureza e assim vai", diz.
Em geral, as imagens que vão para os telões são filmadas previamente pelo VJ. Além das imagens pré-gravadas, o videojóquei também pode filmar, por exemplo, a festa que está acontecendo em tempo real.
Oswaldinho Sant'ana, um dos VJs da produtora paulistana Embolex, conta como funciona a mixagem: "Bases de imagens pré-gravadas e editadas são divididas em temas que podem ser cenas, sensações ou movimentos. Essas imagens são carregadas num computador e a partir de comandos dados ao software vão sendo projetadas no ritmo da música". Resumindo, com seus computadores e softwares, o VJ manipula os filminhos como o DJ trabalha com seus vinis.
O VJ Palumbo explica como isso pode ser possível: "Simples, usamos dois laptops e um mixer", diz, fazendo uma alusão ao equipamento básico usado pelos DJs (dois pick-ups e um mixer).
Apesar de estarem virando figuras comuns em festas e raves, a maiorias dos VJs ainda depende de "trabalhos paralelos", como conta o pessoal da Embolex.
A produção dos filmes também é complicada. "É tudo feito com amigos ou conhecidos. Se fôssemos pagar custos de aluguel de equipamentos, cachê de atores, aluguel de locações e ainda edição, não faríamos nada", dizem os VJs do Embolex.
Se no Brasil a profissão começa a ser conhecida agora, em países da Europa a situação é bem diferente. "Por aqui ainda temos de esperar grandes eventos para trabalhar. No exterior é comum contratar VJs mesmo para festas pequenas. Mas as coisas estão melhorando", diz Palumbo.
Então comemore: aquelas imagens repetitivas de mandalas e flores coloridas que você via nos telões das festas são coisa do passado. Só não esqueça de abrir bem os olhos na sua próxima rave.



Texto Anterior: Ruído - Pedro Alexandre Sanches: OMB elege conselho com 209 votantes
Próximo Texto: Dominar edição de imagem é básico
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.