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LIVROS
Criadora de romances melosos no estilo "Julia", editora canadense entra no mercado brasileiro com "Paixão" e "Desejo"
Harlequin estréia de olho em donas-de-casa
LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO
"Paixão", "Desejo", "Destinos",
"Jessica"... Os títulos já dão uma
idéia do que tratam essas séries
que estão nas bancas desde abril.
As capas, com casais enlaçados
em clima quase sexual, confirmam. Os livros que marcam a entrada da gigante canadense Harlequin Books no Brasil são semelhantes a séries que já fizeram
muito sucesso no país, como "Sabrina", "Bianca" e "Julia".
"Nós tratamos nossos produtos
como bens de consumo de massa:
identificamos a necessidade do
consumidor e procuramos atender a esse público-alvo", afirma
Valéria Chalita, principal executiva da Harlequin no Brasil.
Segundo ela, os leitores das publicações são, principalmente, leitoras. Pertencem às classes B e C,
têm mais de 30 anos e sonham
muito. "São mulheres com vida
dupla: donas-de-casa mas também donas da vida. E ainda
aguardam viver um grande romance", acredita.
Como qualquer empresa que lida com bens de consumo de massa, seu principal cartão de visitas
são números gigantes. Criada há
55 anos, a Harlequin está em 95
países, publica em 25 idiomas,
lança 110 novos títulos por mês,
vende 144 milhões de exemplares
por ano e conta com 1.300 autores. Nenhum brasileiro, por enquanto.
"Queremos dar oportunidade
para autores brasileiros, é claro. É
um passo que daremos no futuro", diz a CEO da Harlequin, a canadense Donna Hayes, que esteve
no Rio na semana passada.
O primeiro passo é fazer as séries da editora, que são sucesso
em vários países, caírem nos
olhos e nos corações de leitoras
brasileiras. Para isso, a Harlequin
aposta na parceria com a Record,
o maior grupo editorial brasileiro.
As empresas fizeram uma sociedade, batizada de HR, na qual os
canadenses entram com as histórias, e os brasileiros, com o processo industrial.
"O mercado editorial brasileiro
é uma pirâmide com base pequena, por isso nosso edifício não
cresce", diz Sérgio Machado, proprietário da Record, usando a metáfora para dizer que só as classes
mais altas compram livro no Brasil. "As séries da Harlequin são literatura popular, de entretenimento, feita para distrair. São livros que precisam ser lidos, pois
ninguém vai comprá-los para pôr
na estante", afirma.
As séries estão sendo vendidas
nas bancas de Rio e São Paulo por
preços a partir de R$ 3,90. São dez
novos títulos por mês, sendo dois
por série. Além de "Paixão", "Desejo", "Destinos" e "Jessica", há
ainda "Grandes Autores". Nenhum autor é realmente grande,
mas são romances maiores, supostamente mais complexos e
com um fim em si, sem deixar
uma porta aberta para o número
posterior da série.
"Queremos trazer outras séries
para o Brasil. Agora, por exemplo,
estamos publicando com sucesso
nos Estados Unidos histórias em
formatos de mangás, para atrair
um público mais jovem. É uma
experiência que pode ser feita
aqui também", conta Hayes.
No estilo "de mulher para mulher", a Harlequin praticamente
não contrata homens como autores ou tradutores. Muitas das mulheres que escrevem livros para a
editora são leitoras que foram
treinadas para passar para o outro
lado da banca.
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