São Paulo, terça-feira, 19 de julho de 2005

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Brasileiras não mudam padrão internacional

DÉBORA MIRANDA
DO "AGORA"

As séries românticas "Julia" e "Sabrina" abriram suas páginas para escritoras brasileiras -acontecimento inédito até agora-, mas as histórias continuam sendo internacionais. Nada de Rio de Janeiro, Salvador nem das paisagens paradisíacas de Fernando de Noronha. As moçoilas apaixonadas da ficção ainda suspiram caminhando pelas ruas de Nova York, Chicago e Paris.
Desde 1978 no mercado nacional (tendo começado com a precursora inglesa Barbara Cartland), os romances de banca de jornal editados pela Nova Cultural são verdadeiros fenômenos, chegando a 4 milhões de exemplares vendidos anualmente no país.
Era a empresa canadense Harlequin que fornecia as histórias para a Nova Cultural até dezembro de 2003. Com o fim do negócio, entrou em cena a americana Kensington. E prevalece a premissa de que, em time que está ganhando, não se mexe. "O formato da história tem de ser sempre o mesmo. A protagonista é uma mulher moderna, independente. Há uma crise no relacionamento dela com o personagem masculino, mas, no fim, eles ficam juntos", define Daniela Tucci, gerente de marketing da Nova Cultural.
O primeiro livro brasileiro a ser lançado foi "Magia do Coração", que chegou às bancas em janeiro. Assinado por Lucy Jordan (pseudônimo de Lucia Pinto de Souza, 76), entrou na série "Sabrina", a mais vendida -chega a vender 100 mil exemplares por mês, com livros lançados semanalmente.
"Dizem que meus livros são divertidos [ela já publicou um anterior, mas fora da coleção]. Escrevo o que me dá na cabeça e, quando leio, acho uma porcaria. Depois releio e acho bom", diverte-se Lucia.
A novidade é "Vencidos pelo Desejo", distribuído no mês passado pela série "Julia". "Pediram-me que seguisse a linha das autoras internacionais. Não posso romper de repente com o estilo que as leitoras já adoram", afirma Gladys Posmik, 68, que, antes de virar escritora, deu aulas de ciências e de música e fez palestras de auto-ajuda.


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