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Austríaco radicado no Brasil, artista era um dos maiores representantes do construtivismo; corpo será cremado no Rio
Escultor Franz Weissmann morre aos 93
DA SUCURSAL DO RIO
Morreu ontem à tarde no Rio,
de insuficiência respiratória, o escultor Franz Weissmann, 93. Austríaco radicado no Brasil desde os
10 anos, era um dos mais significativos representantes da arte
construtivista brasileira.
Weissmann tentava se recuperar de uma pneumonia que o
atingira havia dez dias. Estava recebendo os cuidados médicos em
sua própria casa, em Ipanema
(zona sul do Rio).
Sua saúde já estava debilitada
desde que sofrera um infarto, em
maio deste ano. Ele teve de passar
por um cateterismo e uma angioplastia. A seu pedido, será cremado, hoje, às 14h30, no cemitério
do Caju (zona norte do Rio).
Mesmo nonagenário, Weissmann continuava trabalhando
em seu ateliê, que funcionava no
apartamento em que vivia.
"Até o ano passado, ele ainda
estava bastante animado, prometendo chegar aos cem anos", disse
o arquiteto Fernando Ortega,
genro do artista.
Apesar de fumar muito, o artista continuava atuante e com boa
saúde até sofrer o infarto. Caminhava regularmente pelo calçadão da praia de Ipanema, sempre
vestido com calça jeans, camisa
branca e sandálias de couro.
Em março deste ano, subiu as
rampas do MAC (Museu de Arte
Contemporânea) de Niterói (cidade a 15 km do Rio) para inaugurar a exposição "A Poética da Forma", que reunia trabalhos seus,
do arquiteto Oscar Niemeyer, 97,
e da artista plástica Tomie Ohtake, 91.
Contra a internação
Weissmann continuava lúcido e
pediu para não ficar internado em
um hospital. O quarto onde estava, em sua casa, foi rearrumado
para que ele pudesse ficar deitado
e de frente para a lagoa Rodrigo
de Freitas, na zona sul do Rio.
Ele também já havia pedido à família que não fizesse velório ou
enterro, por não gostar de cerimônias fúnebres.
Na semana passada, quando foi
diagnosticada a pneumonia, ele
passou a tomar antibióticos, que
não surtiram efeito. No fim de semana, voltou a apresentar febre
alta.
Ontem, o artista continuava lúcido. Tomou café e depois deitou-se para descansar. Morreu às
13h30, de acordo com a família.
Ele deixou dois filhos.
O escultor tem várias obras em
espaços públicos brasileiros, como a praça da Sé (São Paulo), o
parque da Catacumba (zona sul
do Rio) e o palácio das Artes, em
Belo Horizonte (veja quadro ao
lado).
Em 1959, assinou com artistas e
críticos de arte (entre eles, Amilcar de Castro, Ferreira Gullar,
Lygia Clark e Lygia Pape), o "Manifesto Neoconcreto", uma crítica
contra a exacerbação do aspecto
racional nas obras concretistas.
Em 1969, foi um dos artistas a
boicotar a 10ª Bienal Internacional de São Paulo, num movimento de protesto contra a ditadura
militar brasileiro.
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