São Paulo, terça-feira, 19 de julho de 2005

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Austríaco radicado no Brasil, artista era um dos maiores representantes do construtivismo; corpo será cremado no Rio

Escultor Franz Weissmann morre aos 93

DA SUCURSAL DO RIO

Morreu ontem à tarde no Rio, de insuficiência respiratória, o escultor Franz Weissmann, 93. Austríaco radicado no Brasil desde os 10 anos, era um dos mais significativos representantes da arte construtivista brasileira.
Weissmann tentava se recuperar de uma pneumonia que o atingira havia dez dias. Estava recebendo os cuidados médicos em sua própria casa, em Ipanema (zona sul do Rio).
Sua saúde já estava debilitada desde que sofrera um infarto, em maio deste ano. Ele teve de passar por um cateterismo e uma angioplastia. A seu pedido, será cremado, hoje, às 14h30, no cemitério do Caju (zona norte do Rio).
Mesmo nonagenário, Weissmann continuava trabalhando em seu ateliê, que funcionava no apartamento em que vivia.
"Até o ano passado, ele ainda estava bastante animado, prometendo chegar aos cem anos", disse o arquiteto Fernando Ortega, genro do artista.
Apesar de fumar muito, o artista continuava atuante e com boa saúde até sofrer o infarto. Caminhava regularmente pelo calçadão da praia de Ipanema, sempre vestido com calça jeans, camisa branca e sandálias de couro.
Em março deste ano, subiu as rampas do MAC (Museu de Arte Contemporânea) de Niterói (cidade a 15 km do Rio) para inaugurar a exposição "A Poética da Forma", que reunia trabalhos seus, do arquiteto Oscar Niemeyer, 97, e da artista plástica Tomie Ohtake, 91.

Contra a internação
Weissmann continuava lúcido e pediu para não ficar internado em um hospital. O quarto onde estava, em sua casa, foi rearrumado para que ele pudesse ficar deitado e de frente para a lagoa Rodrigo de Freitas, na zona sul do Rio.
Ele também já havia pedido à família que não fizesse velório ou enterro, por não gostar de cerimônias fúnebres.
Na semana passada, quando foi diagnosticada a pneumonia, ele passou a tomar antibióticos, que não surtiram efeito. No fim de semana, voltou a apresentar febre alta.
Ontem, o artista continuava lúcido. Tomou café e depois deitou-se para descansar. Morreu às 13h30, de acordo com a família. Ele deixou dois filhos.
O escultor tem várias obras em espaços públicos brasileiros, como a praça da Sé (São Paulo), o parque da Catacumba (zona sul do Rio) e o palácio das Artes, em Belo Horizonte (veja quadro ao lado).
Em 1959, assinou com artistas e críticos de arte (entre eles, Amilcar de Castro, Ferreira Gullar, Lygia Clark e Lygia Pape), o "Manifesto Neoconcreto", uma crítica contra a exacerbação do aspecto racional nas obras concretistas.
Em 1969, foi um dos artistas a boicotar a 10ª Bienal Internacional de São Paulo, num movimento de protesto contra a ditadura militar brasileiro.


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