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ANÁLISE
Espaço marca a obra do artista
FABIO CYPRIANO
DA REPORTAGEM LOCAL
A grande lide de Franz Weissmann foi a relação de sua obra
com o espaço. Nesse sentido, já
em 1958, o crítico Mário Pedrosa
apontava a característica central
que marcou sua carreira: "Sua escultura é de puro espaço, nos antípodas de qualquer lembrança figurativa".
Apesar da rápida passagem pelo
figurativismo, como a maioria
dos artistas de sua geração,
Weissmann ergueu, em mais de
60 anos de carreira, uma das mais
fortes obras identificadas com o
construtivismo, do qual foi dos
primeiros adeptos no Brasil.
Foi em Belo Horizonte, a partir
de 1945, quando sai do Rio para
escapar "do peso acadêmico imposto na Escola Nacional de Belas
Artes", que sua escultura, ainda figurativa, começa a abandonar a
idéia de unidade para ressaltar espaços vazios, que passam a fazer
parte constante de seu trabalho.
Lá, como professor da então Escola do Parque, hoje Escola Guignard, foi professor de Mary Vieira, Farnese de Andrade e Amilcar
de Castro, influenciando o trabalho desses escultores.
Na década de 50, com o construtivismo, Weissmann encontra
o campo perfeito para o uso dos
espaços ao compô-los com formas geométricas, que irão evidenciar toda a sua obra daí em
diante, ora em estruturas modulares, ora pelo uso das dobras. Para o crítico Frederico Morais, a escultura "Cubo Vazado", de 1951,
"é a primeira escultura rigorosamente concreta realizada no Brasil. Nele, o verdadeiro material
não é o aço, mas o vazio".
Ironicamente, Weissmann tem
esse trabalho recusado na 1ª Bienal de São Paulo, por "mau acabamento técnico", mas o reparo é
feito na edição posterior da mostra, que aceita o trabalho.
Em 1958, ao abandonar o uso de
pedestais para as esculturas -e o
fez na Galeria de Arte das Folhas,
em São Paulo-, Weissmann
adianta uma das marcas do "Manifesto Neoconcreto", do qual seria um dos signatários, no ano seguinte. Ao colocá-las diretamente
no chão, para que estivessem "como árvores", o artista busca uma
organicidade e uma aproximação
da arte com a vida. Assim como
suas parceiras neoconcretas Lygia
Clark e Lygia Pape, entre outros,
Weissmann buscava integrar o
observador à obra de arte, assim
como o próprio ambiente em que
ela se insere.
Em 1967, novamente a Bienal
paulista, então em sua 9ª edição,
funciona como plataforma para
nova etapa no trabalho do artista,
o uso dar cor, com uma torre vermelha, feita de ripas de madeira, e
trabalhos utilizando estruturas
primárias da indústria, pintados
em azul e amarelo. "A cor tem
uma importância essencial em
minha escultura de agora. Tudo é
luz e cor. Sem luz e cor, nada existe", afirmou na época.
Era a luz solar, aliás, a que melhor poderia, segundo o próprio
Weissmann, ativar sua obra: "Minhas esculturas necessitam da luz
solar, de grandes áreas. [...] Gostaria de construir minhas esculturas
de maneira que permitisse ao espectador entrar dentro delas".
Com a sua morte, graças à grande
quantidade de obras públicas do
artista no país, seu desejo poderá
ser cumprido.
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