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MÚSICA
Marcelo D2, Marisa Monte e Davi Moraes participam de "Managarroba", quinto álbum do artista desde 2001
João Donato, 68, salpica rock e rap na bossa nova
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REPORTAGEM LOCAL
Após haver lançado nada menos que quatro CDs no ano passado, João Donato, 68, já está de volta à carga. Um dos papas da bossa
nova convertido, nesta fase de alta
produtividade, à categoria de artista independente, o pianista lança o inédito "Managarroba".
Algumas faixas até já existiam
na forma instrumental, mas o disco é todo cantado, não só por Donato como pelos convidados especiais Marcelo D2, Marisa Monte, Joyce e João Bosco.
Donato brinca com a lenda de
que ele não gostaria de poesia, difundida na canção "Outro Retrato" (89), de Caetano Veloso: "Eu
prefiro mesmo a música instrumental, mas em certas horas é
prazeroso cantar. Não é algo que
eu me sinta plenamente à vontade
fazendo, só comecei a usar letra
com quase 40 anos. Aquela história foi uma brincadeira de Caetano, não existe quem não goste de
música e de poesia".
Ainda assim, a palavra que dá
nome ao disco (e à faixa de encerramento) não deixa de expor a relação peculiar de Donato com as
palavras: ""Managarroba" não significa nada, é uma brincadeira
com a turma do rock [cantarola a
música, imitando trejeitos do
rock". É só para intrigar mesmo".
Mas a turma do rock está presente não só como intriga. Davi
Moraes participa da faixa-título e
de outras três, injetando guitarra
na bossa de Donato; Ricardo Silveira faz o mesmo em cinco canções. "É, sempre usei guitarra
muito pouquinho. Minha música
é conservativa, mas sempre busco
algo para não ficar só mais um
disco, sempre a mesma coisa."
Não explica se guitarras e raps
entram por influência do produtor do disco, Rafael Ramos, ex-Baba Cósmica e filho do dono do
selo que lança seu CD, Deck Disc,
mas diz que é nesse mesmo pique
que entra o rap de Marcelo D2,
parceiro na composição e na execução de "Balança". Justifica:
"Eu gosto de rap. Meu filho tem
um videogame com um bonequinho que canta rap. Comecei a jogar e a gostar do brinquedinho.
"Balança" é um veículo para Marcelo cantar as palavrinhas dele,
uma mistura para ver se atingimos mais pessoas".
Ao rap de D2, o pianista adicionou toques caribenhos para compor "Balança". "Convivi muito
com músicos cubanos e mexicanos em Los Angeles. O balanço é
um dos exemplos de música caribenha, mais para Tito Puente. Ficou muito legal, todo mundo gosta. Inclusive eu", constata.
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