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Bajofondo apresenta tango
"globalizado"
GUILHERME WERNECK
DA REPORTAGEM LOCAL
"A eletrônica é apenas a
forma mais nova de produzir música. O mundo está
tão globalizado que, quando
alguém fala de música eletrônica, não está se referindo
a nenhuma tradição específica, mas a técnicas e conceitos globalizados. É uma ferramenta para a produção
musical. O sabor e o sentido
da música, é preciso buscá-los em algo mais pessoal e
original, que tem a ver com o
lugar de onde se vem", disse,
por telefone, de Montevidéu,
o produtor uruguaio Juan
Campodónico, o Campo, 32.
Campo explica os motivos
que o levaram a criar o Bajofondo Tango Club, um coletivo de músicos argentinos e
uruguaios que mistura o
tango com os mais diferentes estilos eletrônicos e se
apresenta em São Paulo, no
Sesc Pompéia.
O projeto começou a ser
concebido por Campo e pelo
produtor argentino Gustavo
Santaolalla -famoso pelo
trabalho com bandas de
rock latino alternativo, como a mexicana Café Tacuba- em 2001. Os dois, que
já haviam trabalhado juntos
na banda de rock e hip hop
de Campo, Peyote Asesino,
foram para o estúdio onde
criaram a base para as 16 faixas do disco "Bajofondo
Tango Club".
"Com essa espécie de planta baixa feita, começamos a
convidar músicos tanto de
eletrônica quanto de tango
para trabalhar as faixas. Acabamos encontrando pessoas
como Luciano Supervielle,
um uruguaio que vem da
música eletrônica, mas que
tem o tango em suas raízes.
Convidamos também produtores argentinos, como
Juan Blas Caballero e Diego
Vainer, um dos pioneiros da
eletrônica argentina. Do
mundo do tango, chamamos instrumentistas -violinistas, "bandaneonistas'-
e a cantora Adriana Varela,
que é uma das figuras mais
importantes do tango tradicional de Buenos Aires hoje", diz Campo.
O resultado varia muito,
indo desde faixas de "house
gay", como define Campo,
até desconstruções de canções tradicionais, como
acontece com "Naranjo en
Flor", um tango dos anos 50.
Com isso, o álbum fica bem
mais próximo das fusões do
coletivo mexicano Nortec,
que mescla o som de bandas
sinaloenses de Tijuana com
eletrônica, do que do downtempo do Gotan Project, até
agora a mais famosa fusão
de tango e eletrônica registrada em disco.
"Essa variedade faz sentido porque o tango tem muitas correntes, desde o tango
para dançar nos salões até a
música mais vanguardista,
como a de Astor Piazzolla. O
que fizemos foi recuperar o
espírito da música do rio da
Prata dos anos 30, 40, 50 e
60", disse Campo.
Para a apresentação de São
Paulo, além de Campo e
Santaolalla no comando dos
computadores e samples, o
Bajofondo terá em sua formação pick-ups, piano, baixo acústico, violino e "bandoneón", e Verónica Loza
na manipulação de imagens.
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