UOL


São Paulo, terça-feira, 19 de agosto de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Bajofondo apresenta tango "globalizado"

GUILHERME WERNECK
DA REPORTAGEM LOCAL

"A eletrônica é apenas a forma mais nova de produzir música. O mundo está tão globalizado que, quando alguém fala de música eletrônica, não está se referindo a nenhuma tradição específica, mas a técnicas e conceitos globalizados. É uma ferramenta para a produção musical. O sabor e o sentido da música, é preciso buscá-los em algo mais pessoal e original, que tem a ver com o lugar de onde se vem", disse, por telefone, de Montevidéu, o produtor uruguaio Juan Campodónico, o Campo, 32.
Campo explica os motivos que o levaram a criar o Bajofondo Tango Club, um coletivo de músicos argentinos e uruguaios que mistura o tango com os mais diferentes estilos eletrônicos e se apresenta em São Paulo, no Sesc Pompéia.
O projeto começou a ser concebido por Campo e pelo produtor argentino Gustavo Santaolalla -famoso pelo trabalho com bandas de rock latino alternativo, como a mexicana Café Tacuba- em 2001. Os dois, que já haviam trabalhado juntos na banda de rock e hip hop de Campo, Peyote Asesino, foram para o estúdio onde criaram a base para as 16 faixas do disco "Bajofondo Tango Club".
"Com essa espécie de planta baixa feita, começamos a convidar músicos tanto de eletrônica quanto de tango para trabalhar as faixas. Acabamos encontrando pessoas como Luciano Supervielle, um uruguaio que vem da música eletrônica, mas que tem o tango em suas raízes. Convidamos também produtores argentinos, como Juan Blas Caballero e Diego Vainer, um dos pioneiros da eletrônica argentina. Do mundo do tango, chamamos instrumentistas -violinistas, "bandaneonistas'- e a cantora Adriana Varela, que é uma das figuras mais importantes do tango tradicional de Buenos Aires hoje", diz Campo.
O resultado varia muito, indo desde faixas de "house gay", como define Campo, até desconstruções de canções tradicionais, como acontece com "Naranjo en Flor", um tango dos anos 50. Com isso, o álbum fica bem mais próximo das fusões do coletivo mexicano Nortec, que mescla o som de bandas sinaloenses de Tijuana com eletrônica, do que do downtempo do Gotan Project, até agora a mais famosa fusão de tango e eletrônica registrada em disco.
"Essa variedade faz sentido porque o tango tem muitas correntes, desde o tango para dançar nos salões até a música mais vanguardista, como a de Astor Piazzolla. O que fizemos foi recuperar o espírito da música do rio da Prata dos anos 30, 40, 50 e 60", disse Campo.
Para a apresentação de São Paulo, além de Campo e Santaolalla no comando dos computadores e samples, o Bajofondo terá em sua formação pick-ups, piano, baixo acústico, violino e "bandoneón", e Verónica Loza na manipulação de imagens.


Texto Anterior: Fito Paez cantará com Frejat
Próximo Texto: Mônica Bergamo
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.