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ARTES VISUAIS
Mostra, que virá a SP em outubro, também reúne objetos da época
Rio exibe pergaminhos do mar Morto
LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO
Três fragmentos originais e sete
réplicas dos Pergaminhos do Mar
Morto, uma das maiores descobertas arqueológicas do século 20,
estarão expostos no Museu Histórico Nacional, no Rio de Janeiro, a
partir de amanhã. Em 29 de outubro a mostra chegará à Pinacoteca
de São Paulo.
"Pergaminhos do Mar Morto
- Um Legado para a Humanidade" reúne também calçados,
moedas, objetos e jarros (onde
eram guardados os pergaminhos)
que eram utilizados pelos essênios, seita que teria se isolado no
deserto, afastando-se dos outros
grupos judaicos: fariseus e saduceus. Jesus Cristo pode ter vivido
entre os essênios no fim de sua infância.
Os pergaminhos mais importantes são os textos bíblicos, pois
constituem a mais antiga versão
do Velho Testamento cristão. Os
textos foram escritos entre 250
a.C e o ano 70 da era cristã.
"Os estudos mostraram como
há trechos da Bíblia cristã idênticos aos escritos dos pergaminhos", ressalta Luiz Calina, um
dos responsáveis pela vinda da
exposição, que já esteve em Wa-
shington, Chicago e Tóquio, dentre outras cidades.
"Os pergaminhos provam que
não há tanta diferença entre as
três religiões monoteístas: o cristianismo, o judaísmo e o islamismo. Eles simbolizam a possibilidade de uma convivência pacífica
entre os povos", completa Andréa
Calina, outra organizadora.
Os pergaminhos foram descobertos por acaso em 1947. Dois
beduínos procuravam uma ovelha desgarrada em Qumran, nas
encostas do mar Morto. Um deles, Muhammed ed Dhib, atirou
uma pedra na abertura de uma
caverna e ouviu o barulho de algo
se quebrando. Era um dos jarros
dos essênios.
Na caverna foram descobertos
sete grandes pergaminhos, um
deles incluindo o livro inteiro do
profeta Isaías. Ao todo, foram
achados ali 17 textos bíblicos e 36
não-bíblicos -textos dos essênios sobre seus costumes, que
passaram a ser conhecidos como
"Regras da Comunidade", "Regras da Guerra" etc.
"Descobriu-se que os essênios
usavam o calendário solar, como
fazemos hoje, e não o lunar de outros judeus", diz Luiz Calina.
Depois da chamada Caverna 1,
arqueólogos passaram a explorar
a região e, até 1952, acharam tesouros em outras dez cavernas.
Foi possível, assim, imaginar como era a comunidade dos essênios, com piscinas, cisternas, oficinas, estábulos e refeitórios.
Gênesis
Com curadoria do holandês Robert Kool, a mostra no Rio terá os
fragmentos dos livros "Êxodo",
"Deuterônimo" e o "Livro de
Isaías". Entre as sete réplicas, estão um fragmento do "Gênesis",
um calendário solar e um conjunto de salmos. Como os pergaminhos não podem ser expostos por
mais de três meses, São Paulo verá
outros originais.
Cedidos pelo Instituto de Antigüidades de Israel, os fragmentos
não podem ser expostos à luz forte e precisam ficar a 20º C e 50%
de umidade relativa do ar. Os organizadores acreditam que, somando Rio e São Paulo, o público
da mostra poderá chegar a 1 milhão de pessoas.
PERGAMINHOS DO MAR MORTO - UM
LEGADO PARA A HUMANIDADE.
Mostra com três fragmentos originais e
sete réplicas dos Pergaminhos do Mar
Morto. Onde: Museu Histórico Nacional
(praça Marechal Âncora, s/nº, Rio de
Janeiro, tel. 0/xx/21/2220-2328).
Quando: abertura amanhã; de terça a
domingo, das 10h às 17h30; até 9 de
outubro. Quanto: R$ 5 (aos domingos, a
entrada é franca).
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